Jair Bolsonaro ensaiou se lançar como ditador, mas colherá duras sentenças da Justiça com sua tentativa frustrada de aplicar um golpe de Estado, afirmou o colunista Josias de Souza no UOL News desta sexta (29).
Em entrevista à revista Oeste, Bolsonaro voltou a negar as acusações contidas no relatório final da Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de Estado e reiterou o apelo por um perdão aos envolvidos nesta trama.
O trabalho da Polícia Federal proporcionou uma evolução do achismo para a convicção. Hoje, há provas de que Bolsonaro cometeu crimes variados. Havia um esquema de blindagem no tempo em que ele foi presidente da República. O 'antiprocurador' Augusto Aras não o responsabilizava por seus crimes e Arthur Lira, o soberano da Câmara, abstinha-se de colocar para andar processos que poderiam cobrar dele responsabilidade política.
A blindagem acabou e a PF comprovou a tentativa de golpe e de subverter o Estado Democrático de Direito. As provas estão acondicionadas em um inquérito muito bem fornido, com mais de 880 páginas. Agora, [o procurador-geral da República] Paulo Gonet está com esse inquérito nas mãos. Josias de Souza, colunista do UOL
Na mesma entrevista, Bolsonaro comparou sua situação à de perseguidos políticos na Venezuela, Nicarágua e Bolívia. Para Josias, porém, os contextos são diferentes e o ex-presidente deve esperar por uma sentença rigorosa da Justiça.
Não se trata mais de comparar Bolsonaro a qualquer outro personagem de viés ditatorial. Temos nós mesmos um candidato a autocrata doméstico; um personagem que tentou converter o Brasil em uma ditadura de bananas.
A maioria do eleitorado teve a sabedoria de sonegar a este candidato a ditador um segundo mandato. Bolsonaro tentou um golpe, que falhou porque um pedaço das Forças Armadas não o acompanhou. Agora, ele está submetido aos rigores da lei.
O que se espera não é achismo ou uma comparação com o que ocorre fora do Brasil. Temos nosso próprio drama, que tem qualificação no Código Penal. Trata-se apenas de aplicá-lo a quem cometeu crimes. Se isso for feito, Bolsonaro terá pela frente uma sentença em torno de 28 anos de cadeia. É isso o que ele merece e se espera que obtenha. Josias de Souza, colunista do UOL
Tales: Pedido de Bolsonaro por anistia é, na verdade, uma ameaça
O apelo feito pelo ex-presidente Jair Bolsonaro ao STF (Supremo Tribunal Federal) por uma anistia por seu envolvimento com a trama golpista soa mais como uma ameaça, afirmou o colunista Tales Faria.
Na verdade, não é um apelo; é uma ameaça. Quem pensou em matar foi ele e seus seguidores. Foi o plano golpista. Ali há violência, matança. Quem começou a executar o plano golpista, que era de violência, sem pacificação, foram eles.
Ele diz que 'só pararemos quando for feita a anistia. É uma ameaça, porque ninguém cometeu gesto violento nenhum. Pacificação é eles pararem.
Por que ele coloca o Supremo? Porque os ministros já se manifestaram, vários deles abertamente, contra a anistia. Ela seria votada no Congresso, mas mesmo assim seria barrada no STF porque os ministros a consideram inconstitucional.
Mesmo no Congresso, Bolsonaro está vendo que não vai andar. Depois do que se descobriu sobre o planejamento do golpe, a anistia não anda. Ele diz que já foram anistiados quem roubou banco. Mas foram anistiados aqueles que torturaram, mataram e prenderam ilegalmente. Tales Faria, colunista do UOL
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