Falsos judeus furtaram R$ 3 mi em joias de imóveis e agem há 2 anos em SP
A gangue dos falsos judeus já furtou mais de R$ 3 milhões em joias de apartamentos invadidos em São Paulo e tem agido há ao menos dois anos, indica investigação da Polícia Civil.
O que aconteceu
Reportagem do UOL fez vítima até então desconhecida procurar a Polícia Civil para registrar o caso. Ela identificou o suspeito em foto reproduzida do suspeito no seu closet. A imagem, feita pelo próprio integrante do grupo e compartilhada com comparsas pelo WhatsApp, foi anexada ao inquérito policial ao ser localizada no celular dele após mandado de busca e apreensão, cumprido no dia 5 deste mês.
Vítima disse que gangue dos falsos judeus levou cerca de R$ 3 milhões do seu apartamento. O depoimento foi registrado no 4º DP nesta semana.
A invasão teria ocorrido às vésperas do Natal de 2022. Segundo relato da vítima, assalto ocorreu em um prédio de luxo na Rua Peixoto Gomide, no Jardim Paulista.
Grupo ainda furtou R$ 300 mil em joias em um assalto ocorrido no dia 11 de outubro. Os investigadores agora tentam apurar a compra de um veículo de mais de R$ 100 mil com valores obtidos após a série de furtos.
Eles se comportam como se fossem da comunidade para não chamar atenção. Em alguns casos, se vestem como jovens judeus. E, assim, conseguem passar despercebidos, sem que ninguém desconfie. Nem mesmo o policial militar de patrulha ou o segurança da rua.
Guilherme Sabino Corrêa, delegado do 4º DP
Disfarce perfeito
De camisas brancas de manga comprida, calça social e peruca, os membros da gangue dos falsos judeus se apresentam nas portarias como moradores. Segundo a Polícia Civil, quadrilha atacou ao menos sete prédios de luxo em um mês em Higienópolis, bairro nobre de São Paulo, usando o que os investigadores têm se referido como "o disfarce perfeito.
Em alguns casos, aparecem em vídeos de câmeras de segurança com talit e quipá, o xale e a pequena touca usada por judeus. A vestimenta é o disfarce do bando, já que o bairro tem forte presença judaica. Em outras abordagens, usam apenas bonés e roupas despojadas, como se fossem adolescentes de classe média alta.
O objetivo é sempre o mesmo: se misturar entre os moradores para arrombar apartamentos. Assim, o grupo furtou milhares de reais em joias e em dinheiro vivo.
Ainda segundo a Polícia Civil, as ações são ousadas e com uma certa dose de exibicionismo. Após invadir apartamentos desocupados usando uma chave de fenda, os integrantes do grupo tiram selfies com relógios de ouro, correntes e outras joias furtadas quando ainda estão no local. As imagens são compartilhadas pelo WhatsApp com os comparsas em tempo real.
Quadrilha parece ter informações privilegiadas sobre a rotina desses condomínios, indicam as investigações. As ações foram registradas por câmeras de segurança analisadas pela Polícia Civil. Três suspeitos já foram identificados. A Polícia Civil agora busca mais informações para indiciá-los pelo crime de associação criminosa.
Fuga com agressões a porteiro
Vídeos dos locais atacados pelo grupo mostram ações com furtos, agressões e fugas ousadas. Um veículo com dois suspeitos aparece nas câmeras de segurança de um prédio da Rua Maranhão, na madrugada de 2 de novembro. Minutos depois, dois jovens com trajes judaicos descem de outro carro.
Na portaria, identificam-se como novos moradores para acessar o local. Às 3h47, entram no prédio e fingem usar o elevador, como mostram as imagens, mas acabam acessando o local pela escadaria aos fundos. Eles tentam arrombar a porta de um dos apartamentos, mas desistem após o barulho acordar um morador, que aciona a portaria.
Menos de 15 minutos depois, as imagens das câmeras de segurança registram a fuga. O porteiro não libera a saída. Após uma discussão, um deles se equilibra por uma estreita estrutura de metal e pula a porta de entrada com cerca de 2,50 m. O outro assaltante não consegue sair e cai após ser atingido por um soco do porteiro.
O comparsa então volta à cena do crime com outros dois suspeitos que davam cobertura do lado externo. Um deles usa uma barra de ferro para quebrar o portão do prédio. O grupo agride o porteiro e consegue escapar, como mostram as imagens.