Vila Olímpica de Paris 2024 se transforma em novo bairro para 6 mil moradores
A Vila Olímpica de Paris já ganha a sua segunda vida: as obras para transformar os alojamentos dos atletas em moradias em Saint-Denis, ao norte da capital francesa, estão a todo o vapor. O local vai receber 6 mil novos residentes.
Em um beco que desemboca no rio Sena, operários trabalham nos edifícios e nos terrenos adjacentes para adaptar ou reconstruir o que antes era um terreno baldio industrial "onde ninguém queria ir antes", segundo o prefeito socialista de Saint-Denis, Mathieu Hanotin.
Agora, as fachadas modernas e coloridas sucedem-se de um lado do beco, e do outro a antiga central eléctrica de Halle Maxwell foi transformada para acolher funcionários do Ministério do Interior.
No meio da rua, o prédio com grades douradas nas varandas que foi ocupado pela delegação de atletas australianos está mudando: nos apartamento de quatro cômodos do segundo andar, ainda há vestígios nas paredes e no teto das divisórias que delimitavam a disposição anterior do local.
"Ao todo eram oito atletas neste apartamento, dividido em quatro quartos duplos", explica Virginie Leroy, presidente da Vinci Immobilier, uma das incorporadoras que projetou os edifícios da Vila Olímpica.
Mínimo de obras para a transformação
Deste alojamento temporário, três quartos e dois banheiros permanecem como estavam. A sala é transformada em cozinha e é aberta para o que antes era o quarto quarto, cuja divisória foi quebrada para criar uma ampla sala, mais adaptada para a família que, em breve, se mudará para o local.
"Na verdade, o trabalho de transformação é mínimo porque projetamos os espaços com o objetivo de criar moradias depois", explica Constantin Lécosse, diretor-técnico da Vinci Immobilier.
Já tinham sido colocados azulejos de cozinha no local projetado para abrigá-la, e os dois banheiros, um deles acessível para pessoas com mobilidade reduzida, foram mantidos "para conforto dos moradores", complementa.
Virginie Leroy ressaltou que, no projeto, a prioridade era a qualidade dos ambientes dos futuros residentes - e partindo deste princípio, a Vinci Immobilier pensou na melhor forma de "encaixar" os quartos dos atletas nestes apartamentos. No total, a antiga vila olímpica será transformada em 2,8 mil unidades habitacionais, duas escolas e escritórios para 6 mil funcionários, além de 6 hectares de espaços verdes e comércios.
Volta às aulas será na ex-Vila Olímpica
Das 1.034 unidades habitacionais projetadas pela Vinci, 282 serão quartos de estudantes universitários, 160 serão moradias sociais para famílias de baixa renda, 354 serão alugadas por um investidor institucional a um preço adaptado à classe média e 238 serão postas à venda para pessoas físicas, por meio de um programa de aquisição de casa própria.
"Os estudantes voltarão às aulas em [setembro de] 2025 morando nas residências da Vila Olímpica", garantiu Yann Krysinski, diretor-geral da Sociedade de Entrega de Obras Olímpicas (Solideo). Os demais alojamentos, em grande parte destinados às famílias, serão entregues ao longo do próximo ano, segundo o responsável pelo "legado dos Jogos".
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A baixa emissão de emissões de gases de efeito estufa foi incluída nas especificações da Solideo, tanto para a construção, que utilizou concreto e madeira de baixo carbono, quanto para os usos das instalações, que se beneficiarão de sistema de aquecimento e resfriamento geotérmico. O futuro distrito recebeu o selo State EcoQuartier na quinta-feira.
Durante uma coletiva de imprensa, a ministra da Habitação e Renovação Urbana, Valérie Létard, saudou "um símbolo vivo da nossa capacidade de construir uma França decididamente voltada para o futuro" e disse querer se inspirar nas inovações de Paris 2024 para apresentar "medidas de simplificação em matéria de planejamento urbano e construção".
Com informações da AFP