A PEC contra o aborto legal é uma retrogradação moral e cognitiva e está muito distante de uma medida de proteção à vida, frisou a médica Luana Araújo ao UOL News desta quinta (28).
A Proposta de Emenda à Constituição proíbe a interrupção da gestação mesmo em situações previstas por lei, como estupro, anencefalia ou risco de vida à mãe e foi aprovada na quarta-feira (27) pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara.
Essa medida é de uma hipocrisia e de uma demonstração da nossa capacidade de retrogradação moral e cognitiva, porque está muito distante de ser uma medida a favor da vida. A gente está aqui discutindo casos em que as mulheres teriam condições de fazer aborto legal.
Não se está nem mais discutindo a ampliação desse direito, mas o estabelecimento e a manutenção de direitos estabelecidos por lei há mais de 80 anos. Essa PEC visa fazer com que uma mulher que corre risco de vida morra em nome dessa gestação.
Então, não pode ser a favor da vida. Uma mulher vítima de violência sexual vai ser obrigada a manter essa situação até que a criança nasça. E o que vai ser feito dessa criança? Existe a questão da anencefalia, não tem a menor lógica ser a favor da vida.
Luana Araújo, médica
Para a médica, a aprovação da PEC é hipócrita, já que, enquanto obriga mulheres a manterem uma gestação, proíbe a fertilização in vitro.
A ideia de que a PEC é protetora da família e da vida vai muito contrária a resolução final dessa PEC, porque ela também impede a fertilização in vitro. Então, se ela impede a fertilização in vitro, aquela mulher que quer ser mãe, aquele casal que quer formar uma família está impedido de fazer isso.
Então, que a favor da vida e a favor da família é essa PEC senão uma situação absolutamente política e ideológica e uma grande cortina de fumaça? Eu queria muito entender em termos técnicos onde isso é a favor da vida. Porque, em termos científicos, em termos de saúde pública, isso não existe.
Luana Araújo, médica
Pacote fiscal e dólar a R$ 6: frustração do mercado é justa, diz economista
O mercado ficou frustrado com o anúncio do pacote fiscal pelo governo e com razão, analisou o economista Teco Medina. Para ele, o detalhamento do pacote com a reforma do Imposto de Renda foi feito em um "tom amargo".
Nesta manhã, o dólar chegou à marca histórica de R$ 6 após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciar ajustes de gastos para atender ao arcabouço fiscal e, a partir de 2026, a isenção tributária para trabalhadores que recebem até R$ 5 mil por mês.
O pacote, além de ter demorado muito para ser anunciado, acho que trouxe algumas percepções ali silenciosas. É aquela frase que às vezes o silêncio é ensurdecedor. Acho que a questão central é que todo mundo estava esperando que viesse um número, que a gente já sabia que seria um número mínimo ou baixo perto do que precisava ou do que deveria.
Mas assim, essa história de colocar o Imposto de Renda é inacreditável. Ela é de uma infantilidade, de uma ingenuidade enorme, porque só se fala disso, todo mundo só repercute sobre isso, as dúvidas estão todas nisso. É um assunto que, enfim, se tudo der certo, é para 2026.
A gente tem um problema para resolver em 2024. Agora só se fala do problema, se foi causado, quanto vai ser calculado, como vai ser para 2026. Então, o que gera desconforto, primeiro, é essa falta de habilidade de por que anunciar uma coisa em cima de outra coisa? Por que a gente não fez isso de outra maneira?
Teco Medina, economista
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Raquel Landim: Em negação, Bolsonaro acha que não será preso e condenado
Mesmo diante de evidências robustas de seu papel central na trama golpista, Jair Bolsonaro age em negação e insiste em pensar que escapará de uma condenação, disse a colunista Raquel Landim mais cedo ao UOL News ao falar sobre os bastidores da conversa dela e da colunista Letícia Casado com o ex-presidente.
Em entrevista exclusiva ao UOL, Bolsonaro se disse vítima de uma perseguição e não descartou a hipótese de se refugiar em uma embaixada caso seja decretada sua prisão ao final do processo penal.
A minha impressão como repórter é a seguinte: apesar de todas as evidências existentes no indiciamento e de não sabermos qual será a posição do Procurador-Geral [Paulo Gonet], Bolsonaro não conta com a possibilidade de ele ser preso. Ele não conta com isso. Bolsonaro acha que o clima político será revertido lá na frente e não trabalha com essa possibilidade [de ser preso].
Ele está em negação em relação a isso. Perguntamos a ele se não tem medo de ser preso. Ele fala: 'olha, a gente vive em um país de arbitrariedades, mas não posso viver com medo de a PF estar na minha casa todos os dias. Ele realmente acha que não será preso e que alguma coisa vai mudar até o final do processo penal. Raquel Landim, colunista do UOL
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Sakamoto: Bolsonaro pode fugir sem passaporte por ter rede de apoio
O fato de estar com o passaporte retido pouco importa para Jair Bolsonaro, que conta com uma rede de apoio para buscar refúgio caso seja condenado por seu envolvimento na trama golpista, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto.
Já vi muita gente dizendo que Bolsonaro está com passaporte retido, mas isso não significa absolutamente nada para uma pessoa que tem recursos financeiros e políticos, tem contatos e uma rede de apoio e diuturnamente planeja a própria fuga desde 2021.
Vimos as conversas vadias dos empresários em grupos de WhatsApp defendendo Bolsonaro, falando que fariam tudo o que fosse possível. O que não falta é apoio. Bolsonaro não é um 'zé ruela' qualquer; é um líder de massas. Ele conseguiria abrigo e fuga.
Se o pessoal executor do 8/1 conseguiu fugir para a Argentina e para o Uruguai estando com tornozeleira eletrônica, com passaporte bloqueada e com condenação colocada, por que não Bolsonaro?
Uma fuga não precisa ser terrestre. Ele pode embarcar em um jatinho em Mato Grosso do Sul. Há uma fronteira difícil de ser resguardada pelas Forças Armadas e pela Polícia Federal. Ele pode cruzar para o Paraguai ou para outro país e de lá se deslocar para os Estados Unidos. Ele não precisa ficar no frio da Hungria; pode ir para Orlando e abraçar o Pateta. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
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