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Ibovespa cai a 126 mil pontos, após 127 mil na abertura, sobe desconfiança fiscal

São Paulo

28/11/2024 11h30

O Ibovespa abriu aos 127.667,40 pontos nesta quinta-feira, 28, e acentuou há pouco a queda para a faixa dos 126 mil pontos. Ontem, fechou em baixa de 1,73% aos 127.668,61 pontos em meio à piora de percepção fiscal. Sem os mercados norte-americanos, que estão fechados devido ao feriado de Ação de Graças, os investidores focam no programa de redução de despesas do governo federal. Com a folga em Nova York, a liquidez promete ser reduzida.

Ainda que tenha apresentado o pacote de corte de gastos na noite de ontem, com um valor dentro do esperado, e a equipe econômica detalhado o programa nesta manhã, o quadro permanece incerto, segundo analistas.

"Está todo mundo centrado no pacote fiscal", diz Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas. Em sua visão, trata-se de um programa que frustra em termos de potencial de economia das medidas fiscais. "Algumas medidas eram tidas como relevantes como seguro-desemprego e a do abono salarial não foi tão forte, foi diluída. E teve a surpresa da isenção do imposto de renda", diz.

Após na noite de ontem o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmar, em pronunciamento em cadeia de rádio e TV que uma economia fiscal da ordem de R$ 70 bilhões, nesta manhã ele e a equipe econômica detalharam o programa.

A equipe econômica informou que o pacote de contenção de gastos do governo federal terá um impacto econômico de R$ 71,9 bilhões entre 2025 e 2026 e de R$ 327 bilhões entre 2025 e 2030. Na estimativa anual, o pacote terá um impacto de R$ 30,6 bilhões em 2025; R$ 41,3 bilhões em 2026; de R$ 49,2 bilhões em 2027; de R$ 57,5 bilhões em 2028; de R$ 68,6 bilhões em 2029; e de R$ 79,9 bilhões em 2030.

"O valor que se discutia do pacote agradava e veio a confirmação. Então, não muda o contexto. Só que o mercado não contava com o anúncio da isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil", avalia Kevin Oliveira, sócio e advisor da Blue3 Investimentos. Isso, segundo ele, sugere que governo não está tão preocupado "em manter a conta fiscal em dia."

Segundo o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, somente a taxação dos mais ricos não compensa integralmente os R$ 35 bilhões de renúncia da ampliação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. Por isso, o governo vai propor também o fim da isenção de IR para aposentados que ganham mais de R$ 20 mil no caso de moléstia grave ou acidente. Nesse caso, contudo, essa faixa poderá deduzir todos os gastos com saúde, sem limites, como é a regra geral. "É importante que se diga porque quem é isento hoje não tem essa regra na cabeça", afirmou Durigan.

Para Enrico Cozzolino, head de análise da Levante Investimentos, a forma como o programa foi anunciado não melhora a percepção desfavorável que se gerou principalmente ontem nos mercados. "Na geração de expectativa de algo que poderia ser muito bom, não foi melhor do quer era esperado. Houve falhas na comunicação", avalia.

Após o dólar futuro tocar a importante marca psicológica dos R$ 6,00, a moeda perdeu força ainda nesta manhã assim como a divisa à vista, em parte por fatores técnicos. Ao mesmo tempo, os juros futuros arrefeceram as altas. Os investidores ainda se debruçam nos detalhes do pagamento, em busca de um melhor entendimento.

"A precificação negativa esta se mantendo", pontua o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jeffreson Laatus. "A visão é de que não está tudo tão claro, e basicamente vai se criar mais impostos para tapar buracos e promessas de campanha", completa Laatus.

Em meio ao que considera falha de comunicação, Cozzolino, da Levante Investimentos, ainda acrescenta que não era de se esperar "um bom" pacote. "Eu estava um pouco mais otimista e jogou um banho de água fria", diz.

Às 11h08, o Ibovespa cedia 0,93%, aos 126.481,39 pontos, na mínima. Abriu com variação zero aos 127.667,40 pontos - quase na máxima de 127.667,73 pontos.

Destaque de alta a ações ligadas a commodities, caso de Vale e Petrobras. As elevações eram de 0,71%, no caso da mineradora, e de 0,33% (ON) e de 0,49% (PN) em Petrobras. O petróleo avançava moderadamente. A maioria das ações da carteira operava em baixa.

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