Cidades recorrem a táxi, laser e inteligência artificial para caçar buracos
Sensores em carros usam inteligência artificial (IA) para melhorar o asfalto das grandes cidades.
A tecnologia está sendo utilizada para mapear os buracos por onde passam os motoristas.
Em Porto Alegre, um sistema de IA contratado pela prefeitura local identificou mais de 2,6 mil buracos nas ruas da cidade em apenas um mês de monitoramento
Equipado em 30 carros de aplicativo, o sistema utiliza câmeras e sensores para registrar imagens e dados em tempo real, permitindo a identificação de imperfeições como buracos, trincas e desníveis.
Tal sistema não apenas detecta os problemas, mas também envia os dados para um sistema central que gera ordens de serviço e agiliza os reparos.
Segundo a Prefeitura de Porto Alegre, essa tecnologia de detecção e mapeamento de buracos pode mudar a classificação das ruas a cada mês, melhorando a qualidade da via ao longo do tempo. O sistema tem um custo de R$ 2,85 milhões por ano e um contrato inicial de dois anos.
SP usa táxis e laser para mapear buracos
Em São Paulo, uma iniciativa similar está em andamento.
A Prefeitura de São Paulo iniciou um programa de recapeamento em junho de 2022, utilizando uma nova geração de asfalto e tecnologia de mapeamento com raios laser e sensores em veículos de transporte na cidade. O sistema foi desenvolvido pela Secretaria Municipal das Subprefeituras, em conjunto à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
O objetivo é identificar e reparar buracos e outras imperfeições nas vias, melhorando a qualidade da infraestrutura urbana. O programa já recuperou 20,3 milhões de metros quadrados de asfalto e tem um orçamento de R$ 2,7 bilhões.
A Secretaria Municipal das Subprefeituras (SMSUB) informa que para detectar os buracos, a prefeitura utiliza o Sistema Gaia, que envolve 108 táxis e carros de aplicativo "que rodam a cidade e medem o IRI, um índice de engenharia que detecta a condição do pavimento.
Uma câmera acoplada no veículo identifica e fotografa situações que necessitam de zeladoria, além de buracos. Além do acompanhamento do asfalto das ruas e avenidas, a cidade dispõe de IA para analisar outros parâmetros. O Gaia utiliza a inteligência artificial e um módulo para identificar buracos, galhos de árvore caídos e lixeiras cheias".
Na suspensão, um sensor envia a mensagem para uma caixa-preta, que fica embaixo do banco do motorista. Uma câmera instalada no retrovisor faz o serviço de identificação do local percorrido pelo carro. A deformação do pavimento é imediatamente registrada numa central de requisições dentro da secretaria.
Toda vez que a ondulação da via faz o carro trepidar, o solavanco é mapeado e classificado. Os dados são enviados para uma central de controle, onde são analisados e priorizados para reparos. Anteriormente, o mapeamento era feito manualmente, o que era mais demorado e menos preciso. O sistema já conseguiu verificar 100% da malha viária da capital paulista, de 17 mil quilômetros e 196 milhões de metros quadrados de vias, em 57 mil ruas e avenidas asfaltadas.
Segundo a SMSUB, de junho de 2022 - quando começou o programa de recapeamento, a outubro de 2024 foram realizados 17,2 milhões de metros quadrados de recapeamento.
Considerando o recapeamento, a pavimentação e manutenção de pavimento rígido, foram recuperados 20,3 milhões de metros quadrados de janeiro de 2021 a outubro de 2024.
"O investimento em tecnologia de ponta para implementação de melhorias na prestação de serviços de zeladoria melhorou todos os indicadores do tempo médio de atendimento para a execução de serviços, com queda em mais de 90%".
Além do Sistema Gaia, a prefeitura também utiliza equipamentos chamados PavScan, que utilizam raios laser e câmeras de alta definição para gerar imagens 3D dos buracos. Essa combinação de tecnologias permite um monitoramento mais eficiente e preciso da condição das vias.
Os dados coletados por esses sistemas impactam diretamente a manutenção das vias e para garantir a segurança dos motoristas e ciclistas.
Em Porto Alegre, 49,57% das vias já foram avaliadas, com 26% delas recebendo classificações ruins ou péssimas. A expectativa é que, com o tempo, a qualidade das ruas melhore significativamente, beneficiando a todos que utilizam as vias públicas.
Embora ambos os projetos utilizem tecnologias avançadas para mapear buracos nas ruas, há algumas diferenças importantes.
Em Porto Alegre, o sistema de IA utiliza câmeras e sensores instalados em carros de aplicativo para registrar imagens e dados em tempo real. Já em São Paulo, a tecnologia de mapeamento com raios laser é utilizada, que oferece uma precisão ainda maior na detecção de imperfeições.
Outras cidades usam tecnologia contra buracos
Além de Porto Alegre e São Paulo, outras cidades brasileiras também estão adotando tecnologias semelhantes para mapeamento de buracos e melhorias na infraestrutura urbana.
Curitiba está utilizando a tecnologia de inteligência artificial para otimizar o mapeamento de buracos nas vias e acelerar as obras públicas. O Instituto Cidades Inteligentes (ICI) está trabalhando com a prefeitura para criar uma base de dados completa sobre a situação das ruas e as necessidades de manutenção.
Em Goiânia, a startup Mapzer está atuando na cidade, utilizando carros equipados com câmeras e sensores para identificar buracos e outras imperfeições nas ruas. Até setembro, a cidade reduziu 46% do número de buracos e 49% de irregularidades em tampas de bueiro.
No interior paulista, a iniciativa da Mapzer em Batatais resultou em uma melhoria significativa no desempenho de sinalizações irregulares de trânsito, com uma redução de 57% em problemas identificados.
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