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Não há expectativas de cessar-fogo para Gaza após acordo no Líbano

Palestinos deslocados pela guerra levam objetos pessoais por ruas do norte de Gaza - REUTERS/Mahmoud Issa
Palestinos deslocados pela guerra levam objetos pessoais por ruas do norte de Gaza Imagem: REUTERS/Mahmoud Issa

Crispian Balmer;Nidal al;Mughrabi;Ahmed Mohamed Hassan;

Jerusalém e Cairo

27/11/2024 14h36Atualizada em 27/11/2024 14h52

Após acordo para pôr fim a mais de um ano de combates entre Israel e o Hezbollah, do Líbano, as atenções se voltaram para a devastada Faixa de Gaza, mas qualquer esperança de um fim rápido para a guerra no enclave parece ter sido frustrada.

Um cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah entrou em vigor antes do amanhecer desta quarta-feira, levando ao menos uma pausa para as hostilidades que haviam aumentado drasticamente nos últimos meses e ofuscado o conflito paralelo de Israel em Gaza contra os militantes palestinos do Hamas.

Ao anunciar o acordo com o Líbano na terça-feira, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que vai renovar a pressão por um difícil acordo em Gaza, pedindo a Israel e ao Hamas que aproveitem o momento.

Não houve, no entanto, qualquer sinal de que líderes israelenses queiram aliviar a pressão sobre o Hamas, que acendeu o estopim da atual guerra ao atacar o sul de Israel no ano passado, com ministros deixando claro que seus objetivos de guerra para Gaza eram muito diferentes daqueles para o Líbano.

"Gaza nunca mais será uma ameaça para o Estado de Israel... Alcançaremos uma vitória decisiva lá. O Líbano é diferente", disse o ministro da Agricultura de Israel, Avi Dichter, membro do gabinete de segurança interno e ex-chefe da agência de inteligência, Shin Bet.

"Estamos no começo do fim (da campanha de Gaza)? Definitivamente não. Ainda temos muito a fazer", disse a um grupo de correspondentes estrangeiros nesta semana.

Cerca de 101 reféns israelenses permanecem em cativeiro em Gaza e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu libertar todos e erradicar o Hamas.

As negociações entre Israel e Hamas estão paralisadas há muito tempo, com cada lado culpando o outro pelo impasse. Nesta quarta-feira, Sami Abu Zuhri, autoridade do Hamas, acusou Israel de ser inflexível, acrescentando que o grupo ainda almeja um acordo.

"Esperamos que esse acordo (com o Hezbollah) abra caminho para se chegar a um acordo que acabe com a guerra de genocídio contra nosso povo em Gaza", disse à Reuters.

Israel e os Estados Unidos acusam o Hamas de não estar negociando de boa fé.

Ataques Diários

A guerra em Gaza já durou muito mais do que o esperado. Em 14 meses, grande parte do enclave foi destruído e 44.000 palestinos foram mortos, com as forças israelenses ainda lançando ataques diários em áreas da faixa costeira.

A notícia de que o Hezbollah havia decidido parar de lutar foi recebida com tristeza por muitos habitantes de Gaza, que se sentem abandonados e esquecidos, embora alguns alimentem a esperança de que sua sorte possa mudar.

"Dizem que se chove em um lugar, isso prenuncia coisas boas para as pessoas em outro lugar. Esperamos que, depois do Líbano, os esforços se concentrem em Gaza para acabar com a guerra", disse Aya, de 30 anos, mulher deslocada que agora vive com sua família em uma tenda na região central da Faixa de Gaza.

Um leve otimismo também surgiu no Egito, que desempenha um papel central na mediação entre Israel e o Hamas. Duas fontes de segurança egípcias afirmaram que Israel havia informado ao Cairo que, se o cessar-fogo libanês fosse mantido, eles voltariam a trabalhar em um acordo para Gaza.

O conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, disse que Biden iniciará um novo esforço para tentar um cessar-fogo em Gaza nesta quarta-feira, fazendo com que seus enviados trabalhem com a Turquia, o Catar, o Egito e outros atores da região.

Entretanto, Donald Trump assume o cargo de presidente dos EUA em janeiro. Ele disse que trabalhará para acabar com a guerra, mas não ofereceu plano sobre como pretende fazer isso. Palestinos não estão otimistas, dada a experiência anterior com Trump, um forte defensor de Israel.

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