Justiça francesa se pronunciará em março sobre inegibilidade e prisão de Marine Le Pen
A líder da extrema direita na França, Marine Le Pen, que é réu em um processo por suspeita de desvio de recursos públicos europeus, saberá no dia 31 de março a decisão da Justiça sobre o seu destino e a sua possível inelegibilidade. Nesta quarta-feira (27) o advogado da deputada apresentou a defesa de Le Pen ao tribunal criminal de Paris, pedindo a sua absolvição para que não seja excluída da vida política.
Após dois meses de julgamento, a sala do tribunal ficou lotada neste último dia de sessão. Sentada no banco dos réus, Le Pen tinha o rosto tenso. Ela estava entre o número 2 de seu partido Reunião Nacional (RN), Louis Aliot, e o ex-tesoureiro do RN, Wallerand de Saint- Apenas.
Candidata à presidência três vezes, em 2012, 2017 e 2022, Marine Le Pen é a provável representante da extrema direita nas eleições que vão escolher o sucessor de Emmanuel Macron.
Le Pen e seu partido são julgados desde 30 de setembro, com outros 24 acusados. Se for condenada, ela pode ser impedida de concorrer às próximas eleições, em 2027, já que ficaria inelegível por cinco anos. A sanção seria aplicada imediatamente após a decisão, mesmo em caso de recurso.
O Ministério Público justificou os pedidos com o risco de "repetição" de desvios de recursos públicos, que segundo a acusação se estenderam durante 12 anos (entre 2004 e 2016) e só foram "interrompidos" devido à denúncia do Parlamento Europeu, que estimou um prejuízo financeiro em 4,5 milhões de euros.
A promotoria pública afirma que o dinheiro do Parlamento Europeu foi "desviado por ordem, com a ajuda e em benefício do partido", enfatizando que os fatos mencionados são "sem precedentes em termos de escala e duração, mas também e principalmente em termos de sua natureza organizada, otimizada e sistêmica".
O advogado Rodolphe Bosselut "pediu a absolvição" de Le Pen da pena de cinco anos de prisão, três em regime fechado, e multa de 300 mil euros, além da inegibilidade.
"Arma contra o jogo democrático"
"Estas requisições são uma arma de destruição em massa do jogo democrático", afimrou Bosselut. "Não diz respeito apenas a Marine Le Pen, mas sim a pelo menos 13 milhões de eleitores ou mesmo a todo o eleitorado", continuou. "A execução provisória teria consequências jurídicas desproporcionais", acrescentou ele, em caráter "irremediável, definitivo".
Em entrevista durante o julgamento, Marine Le Pen havia resumido: "É a minha morte política que exigem".
"Ela respondeu a todas as perguntas com seriedade e sinceridade, não se esquivou de nenhuma delas, permaneceu no depoimento por várias horas... Podemos culpá-la por muitas coisas, mas não por desrespeito ao tribunal ou à instituição judicial ou à acusação", sustentou o advogado de defesa.
Na quarta-feira, ela não quis dizer suas "últimas considerações" no tribunal. Mas para a imprensa, ao sair da sala, afirmou: "Nos vemos daqui a quatro meses", dia 31 de março, às 10h.
Os demais acusados negaram categoricamente a existência de um "sistema" instituído para pagar assistentes parlamentares "fictícios" com dinheiro europeu.
(Com AFP)