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'Lula não sobe rampa': plano apreendido pela PF na sede do PL detalha golpe

do UOL

Do UOL, em São Paulo

26/11/2024 17h29Atualizada em 26/11/2024 18h13

Um documento apreendido na sede do Partido Liberal detalhava como os indiciados planejavam um golpe de Estado após o resultado das eleições de 2022, de acordo com a Polícia Federal.

O que aconteceu

Um dos tópicos do material dizia: "Lula não sobe a rampa". A frase golpista era dita por manifestantes durante os atos antidemocráticos após a vitória do presidente Lula em outubro de 2022.

Segundo a PF, o documento teria sido redigido entre novembro e dezembro de 2022. O manuscrito foi apreendido pela corporação na mesa do assessor de Braga Netto (PL), o coronel Peregrino, e estava em uma pasta denominada "memórias importantes".

Um dos seis tópicos falava sobre "linhas de esforços". Entre elas estavam a "interrupção do processo de transição", "anulação de atos arbitrários do STF" e "preparação (ensaios) da tropa para ações diretas".

O nome dado ao documento, operação 142, foi uma alusão ao artigo da Constituição. O texto trata da regulamentação do papel das Forças Armadas no país, mas foi usado por golpistas após a vitória de Lula para rejeita o novo governo e defender intervenção militar.

Para a PF, foi feita uma interpretação "anômala" do artigo 142" para tentar legitimar o golpe de Estado. "O documento demonstra que Braga Netto e seu entorno tinha clara intenção golpista, com o objetivo de subverter o Estado democrático de Direito", diz o relatório.

Outros tópicos possuem siglas e jargões próprios do militarismo como "CG Pol" (Centro de Gravidade Político), com a descrição de medidas autoritárias, que demonstram a intenção dos investigados em executar um golpe de Estado para manter o então presidente Jair Bolsonaro no poder: "anulação das eleições", "prorrogação dos mandatos", "substituição de todo TSE" e "preparação de novas eleições".
Trecho do relatório da Polícia Federal

Conteúdo de delação

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, teria vazado o conteúdo da delação premiada a Braga Netto. A PF se baseia em documentos encontrados na mesa do assessor do general.

Segundo a PF, o material descrevia perguntas e respostas relacionadas ao acordo de delação. Cabe ressaltar que o texto não tem assinatura. Mas as respostas em vermelho e dadas na primeira pessoa do singular fizeram os investigadores suspeitarem que foram redigidas por Cid.

A suspeita é que as perguntas partiram de Braga Netto. Também militar, ocupando o posto de tenente-coronel, Cid é suspeito de ter aberto o conteúdo de sua delação ao superior hierárquico.

O relatório da PF acrescenta que Cid é suspeito de blindar o Braga Netto. O documento não assinado, e suspeito de ter sido elaborado pelo ex-ajudante de ordens, tem um tópico chamado de "outras informações". Neste trecho, o general é apresentado como um democrata. "GBN (General Braga Netto) não é golpista".

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