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PF diz que Bolsonaro teve 'participação ativa' em plano de golpe em 2022

26/11/2024 18h05

O ex-presidente Jair Bolsonaro teve "plena consciência" e "participação ativa" na tentativa de golpe de Estado em 2022 para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, segundo uma investigação da Polícia Federal (PF) divulgada nesta terça-feira (26).

Bolsonaro também tinha "pleno conhecimento" de um suposto plano para matar Lula após sua vitória nas eleições, de acordo com a investigação da PF.

O ex-presidente, por sua vez, nega as acusações e se considera um "perseguido" pela Justiça.

Bolsonaro "planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva" sobre uma trama golpista que finalmente não se consumou por "circunstâncias alheias à sua vontade", diz o relatório da PF, que já foi remetido à Procuradoria-Geral da República (PGR) para que decida se apresenta uma denúncia contra o ex-presidente.

A polícia concluiu que Bolsonaro também teve "pleno conhecimento do planejamento operacional (Punhal Verde e Amarelo)", supostamente orquestrado por um grupo de militares para assassinar Lula, seu companheiro de chapa nas eleições, Geraldo Alckmin, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Além de Bolsonaro, a PF indiciou outras 36 pessoas nesse mesmo caso, entre elas vários militares e assessores próximos do ex-presidente.

A investigação considerou que, em dezembro de 2022, o plano golpista foi abortado de última hora por falta de apoio institucional do alto comando do Exército.

- 'Nunca esteve no meu dicionário' -

"Da minha parte nunca houve discussão de golpe [...] A palavra 'golpe' nunca esteve no meu dicionário", disse Bolsonaro a jornalistas na segunda-feira, ao se defender das acusações.

"Tem que estar envolvidas todas as forças armadas. Se não, não existe golpe. Ninguém vai dar golpe com general da reserva e meia dúzia de oficiais", acrescentou.

Alexandre de Moraes enviou nesta terça o relatório da Polícia Federal à PGR, de quase 900 páginas, e determinou que "não há mais necessidade da manutenção do sigilo" sobre o documento.

Cabe agora ao procurador-geral, Paulo Gonet, decidir se denuncia o ex-presidente e os demais investigados pelos crimes apontados pela polícia, arquiva o expediente ou solicita novas diligências dos investigadores

Bolsonaro, de 69 anos, pode ser considerado culpado "pelos crimes de abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa".

O ex-presidente acusa Moraes, a quem considera seu inimigo político e um "ditador", de agir fora da lei para impedir seu retorno ao poder.

Bolsonaro pretende ser candidato nas eleições de 2026, mas está inelegível devido a uma condenação judicial em outro processo por ter questionado, sem provas, a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro.

ffb/app/mel/rpr/am

© Agence France-Presse

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