Maierovitch: Inconformismo com derrota não justificaria estado de sítio
Após as eleições de 2022, não havia instabilidade para justificar um estado de sítio, defendeu o colunista Wálter Maierovitch ao UOL News desta terça (26). Em vez disso, trata-se do inconformismo do ex-presidente da República Jair Bolsonaro.
O ex-presidente da República Jair Bolsonaro disse na segunda-feira (25) que chegou a analisar possibilidade de sítio depois das eleições diante do que chamou de "comoção popular". Mas negou qualquer envolvimento em planos de golpe de Estado.
O estado de sítio é uma medida gravíssima, que exige que o presidente antes de tomar submeta e consiga um aval do Congresso Nacional. Por quê? Porque se trata de hipótese de instabilidade institucional. Tinha alguma [instabilidade institucional]? Evidente que não. Teve uma eleição, uma eleição regular, e teve um resultado. Onde estava a instabilidade institucional a gerar agitações de ordem pública e a tirar a tranquilidade social, a paz social?
A Constituição estabelece isso, o estado de defesa e o estado de sítio, que é mais grave. O Bolsonaro já mergulhou direto no estado de sítio. Então, veja, não tinha gravidade alguma, instabilidade institucional nenhuma. O que existia era um inconformismo da parte deles, Bolsonaro e seu grupo, a fazer com que eles dessem início à execução de um golpe que ficou frustrado.
Estado de sítio em medida extremada, tendo em vista uma grave, uma gravíssima instabilidade institucional, normalmente não resolvida quando se decreta um estado de defesa, ele já tenta entrar direto no estado de sítio e instabilidade essa a gerar problemas de ordem pública e problema de tranquilidade, de paz social.
Wálter Maeirovitch, colunista do UOL
Maierovitch também rejeita a ideia de que houve uma simples cogitação de golpe.
A máquina golpista já foi colocada em movimento. Então, tivemos um ato preparatório - a preparação de toda essa máquina golpista - e o início da execução dela, de submeter as forças armadas aos comandos militares, de preparar a minuta de golpe. Não era mera cogitação.
Wálter Maeirovitch, colunista do UOL
Josias: lero-lero de Bolsonaro sobre golpe não faz sentido para Judiciário
Jair Bolsonaro tenta a todo custo se desvencilhar das acusações de participação na trama golpista, mas o discurso do ex-presidente não tem força suficiente para convencer a Justiça, disse o colunista Josias de Souza mais cedo ao UOL News.
Bolsonaro criticou as investigações da Polícia Federal, que revelou um plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. O ex-presidente disse que a descoberta da PF "não cola" e que não se pode punir o que classificou como "crime de opinião".
O plano para assassinar Lula, Alckmin e Moraes faz parte de um contexto muito bem delineado pela Polícia Federal. Nós não conhecemos todo o contexto; apenas as partes que foram divulgadas. O inquérito tem mais de 800 páginas e ainda continua sob sigilo por decisão de Moraes.
O discurso do Bolsonaro sempre passa pela tese segundo a qual como nada foi feito, nada é criminoso. Como Lula não tinha tomado posse, na visão do Bolsonaro, nada poderia ser considerado como tentativa de golpe. Isso é uma grande falácia porque poder constituído é o poder eleito. Havia uma eleição, a proclamação do resultado e a diplomação do eleito. Algo pode estar mais constituído do que isso?. Josias de Souza, colunista do UOL
Assista ao comentário:
Sakamoto: Temendo ser preso, Bolsonaro confessa golpe, mas com método
O ex-presidente Jair Bolsonaro demonstrou medo de ser preso pelo seu envolvimento na trama golpista, mas fez uma confissão com método ao admitir que pensou em decretar estado de sítio no país, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto.
A entrevista é uma confissão do Bolsonaro, mas com método. Ele sabe que não pode fugir dessa questão da decretação do estado de sítio e da minuta golpista, algo que o assombra desde o começo do ano. Tanto que Bolsonaro, naquela manifestação de fevereiro na Avenida Paulista, ficou em cima desse tema e girou em torno dele para tentar se justificar.
Por outro lado, há uma questão de método nisso tudo. A defesa de Bolsonaro deve estar trabalhando para que ele fale e tente menosprezar publicamente essa questão do estado de sítio. Basicamente, ele está tentando convencer as pessoas de que a minuta não tinha nada de golpista. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Assista ao comentário na íntegra:
O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h com apresentação de Fabíola Cidral e às 17h com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.
Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h. Aos sábados às 11h e 17h, e aos domingos às 17h.
Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL. O Canal UOL também está disponível na Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64) e no UOL Play.
Veja a íntegra do programa: