Ibovespa fecha em alta à espera de pacote fiscal; Brava Energia dispara
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira, flertando com os 130 mil pontos pela primeira vez em mais de duas semanas, com Brava Energia disparando mais de 9% após anunciar que assinou contratos para campanha de desenvolvimento em Atlanta e Papa-Terra, com opção de desenvolvimento de Malombe.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,69%, a 129.922,38 pontos, tendo marcado 130.360,79 pontos na máxima e 129.042,24 pontos na mínima da sessão. O volume financeiro somou 21,54 bilhões de reais.
A sessão também foi marcada pela expectativa para o pacote de corte de gastos, após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sinalizar que o governo estará pronto para divulgar as medidas nesta semana uma vez que fechou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva as últimas pendências sobre as medidas fiscais.
De acordo com analistas do BTG Pactual, a qualidade das medidas será crucial para determinar o impacto do anúncio nos ativos financeiros. "Quanto mais medidas estruturais forem apresentadas, mais positiva será a reação do mercado", afirmaram Fabio Serrando e Lorena Laudares em relatório a clientes.
Wall Street endossou o viés positivo na bolsa paulista, com o S&P 500 fechando em alta de 0,57%, ajudado pelo setor de tecnologia, enquanto agentes repercutiram as ameaças tarifárias feitas pelo presidente eleito Donald Trump -- com alguns analistas vendo o anúncio como ferramenta de negociação.
DESTAQUES
- BRAVA ENERGIA ON disparou 9,33%, em meio ao anúncio de que assinou em novembro os principais contratos para a primeira campanha integrada de desenvolvimento em Atlanta e Papa-Terra, com opção de desenvolvimento de Malombe por meio de uma interligação à Peroa (tieback). O início da campanha, segundo a petroleira, se dará no quarto trimestre de 2025 com previsão das primeiras conexões de poços em 2026. O valor dos contratos, referente aos quatro primeiros poços, é de aproximadamente 200 milhões de dólares.
- COPEL PNB valorizou-se 5,27%, diante de uma série de anúncios desde a noite de segunda-feira, incluindo venda de ativos, seu primeiro programa de recompra de ações e pagamento extraordinário de juros sobre capital próprio. A elétrica, que realiza evento com investidores nesta terça-feira, também divulgou nesta sessão previsão de investimento de 2,5 bilhões de reais na distribuição de energia em 2025 e uma estimativa de "otimização de 20%" de seus custos de pessoal, material, serviços e outros (PMSO) até 2026.
- CARREFOUR BRASIL ON avançou 3,28%, após pedido de desculpas da matriz do grupo na França por declarações contra a carne produzida no Brasil, o que levou a um boicote de fornecedores à rede no país. A companhia disse nesta terça-feira que espera que a normalização do abastecimento de carne bovina em suas lojas nos próximos dias e destacou que "não houve, até o momento, impacto relevante nas operações de venda de mercadorias". No setor, ASSAÍ ON subiu 4,92% e GPA ON fechou estável.
- BRASKEM PNA recuou 2,14%, em meio a ajustes após duas altas seguidas, quando somou alta de 7,5%. Também no radar, o presidente Donald Trump prometeu na segunda-feira impor grandes tarifas aos três maiores parceiros comerciais do país, incluindo México, onde a petroquímica também tem operações. Analistas do Safra também reiteraram recomendação "neutra" para as ações da Braskem após evento da companhia com investidores na véspera, citando expectativa de ciclo negativo no setor, embora tenham uma visão positiva para a estratégia da empresa.
- PETROBRAS PN recuou 0,13%, enfraquecida pela queda preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent, usado como referência pela estatal, fechou com declínio de 0,27%.
- ITAÚ UNIBANCO PN avançou 1,91%, respondendo por um suporte relevante para o Ibovespa, em dia positivo para bancos, com BRADESCO subindo 0,66%, BANCO DO BRASIL ON ganhando 1,31% e SANTANDER BRASIL UNIT mostrando acréscimo de 0,49%.
- VALE ON perdeu 1,27%, mesmo tendo como pano de fundo que o contrato futuro do minério de ferro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE), na China, encerrou as negociações do dia com alta de 0,32%, a 783,0 iuanes (107,90 dólares) a tonelada.