Coletivo feminista aponta que 86% dos casos de violência contra mulheres não são concluídos na França
No mesmo dia em que a ONU denuncia que pelo menos 85 mil mulheres e meninas foram mortas intencionalmente em todo o mundo em 2023, a maioria delas por familiares, a imprensa francesa debate novas medidas para combater a violência sexual e garantir ajuda às vítimas. O assunto é destaque dos jornais desta segunda-feira (25).
Le Monde analisa um conjunto de 140 propostas, apresentadas por 60 organizações feministas, para dar uma resposta ao fenômeno crescente de estupros e agressões contra mulheres. No ano passado, o número de vítimas adultas que declararam ter sido vítimas de violência sexual chegou a 230 mil na França, segundo dados de uma comissão interministerial criada para investigar o problema e que denuncia "a falta de meios para uma resposta judiciária à altura". Os dados mostram que em 86% dos casos, as investigações não são concluídas, enquanto o número de denúncias aumentou 282%, entre 2018 e 2022.
As propostas apresentadas por um coletivo da sociedade vão desde a prevenção até o tratamento indicado às vítimas, com previsão de um orçamento de € 344 milhões.
O jornal Libération faz uma avaliação da ajuda universal de urgência, que em um ano beneficiou 23.000 mulheres com recursos do Estado para que pudessem se proteger de um companheiro agressivo. Este é um dos únicos orçamentos da Secretaria de Igualdade entre homens e mulheres que será ampliado em mais de € 7,5 milhões, em 2025. Após denúncia e uma ordem de proteção judicial, cada vítima recebe em média € 870 para sair de um lar violento.
Para isso, é importante incentivar as mulheres a denunciarem os seus agressores: em 2022, somente 14% das vítimas de violência conjugal prestaram queixa na polícia, destaca o diário.
Essa ajuda, no entanto, não está acessível às estrangeiras sem visto no país, que segundo ONGs, acabam sendo duplamente penalizadas pelos agressores que, muitas vezes, as impedem de ter acesso aos próprios documentos.