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Organizações criticam COP29 e chamam acordo de fraco e insuficiente

Ativistas protestam na COP29 com pintura nas mãos dizendo "paguem", uma referência ao financiamento climático - Murad Sezer/Reuters
Ativistas protestam na COP29 com pintura nas mãos dizendo 'paguem', uma referência ao financiamento climático Imagem: Murad Sezer/Reuters
do UOL

Do UOL, em São Paulo

23/11/2024 22h08

Organizações não governamentais criticaram duramente a COP29 e classificaram o acordo firmado como fraco e insuficiente. A 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas ocorreu em Baku, no Azerbaijão.

O que elas disseram

Valor anunciado é insuficiente, diz WWF. A WWF-Brasil disse em nota que o acordo de financiamento climático firmado na COP29 "não chega nem perto de atender as necessidades de financiamento dos países em desenvolvimento".

Insuficiente para as ações de mitigação, o valor anunciado também desconsidera os esforços urgentes e necessários para adaptação e para perdas e danos, o que afeta de forma negativa e desproporcional países menos desenvolvidos e ilhas, que menos contribuíram para a emissão dos gases de efeito estufa.
WWF-Brasil

Divergências entre países escalou. Para a WWF, a concentração das decisões na presidência e a subtração de trechos incluídos anteriormente, como a menção aos combustíveis fósseis, abriram espaço para uma escalada nas divergências entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Países ricos fogem de responsabilidade, diz Observatório do Clima. O secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, classificou a presidência da COP29 como "desastrosa" e o texto aprovado como "absolutamente insuficiente para qualquer solução da crise climática".

O desfecho de Baku escancara que os países ricos fogem de qualquer responsabilidade, além de deixar aberta a conta do financiamento. A COP30, sob a liderança do Brasil, terá que ser muito competente e dedicada para preencher as lacunas deixadas por esta conferência, promover o avanço de ambição e manter o objetivo de 1,5ºC.
Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima

Acordo foi primeiro passo, mas está longe do necessário, diz WRI Brasil. Para Karen Silverwood-Cope, diretora de clima do WRI Brasil, o acordo de US$ 300 bilhões foi passo para sair do acordo anterior, que era insuficiente. "É um valor bastante distante dos US$ 1,3 trilhão que os países em desenvolvimento precisam investir todos os anos até 2035 para dar uma resposta ao novo paradigma da crise climática", disse.

Entidades da Ásia e da África criticam acordo. O tema dos combustíveis fósseis e a falta de instrumentos de financiamento não relacionados a dívida foram destacados.

A mensagem das nações ricas é clara: os lucros provenientes dos combustíveis fósseis são mais importantes do que as vidas daqueles que se afogam, passam fome ou fogem das suas casas devido a desastres climáticos.
Gerry Arances, diretor-executivo do CEED (Center for Energy, Ecology, and Development), das Filipinas

Os instrumentos não relacionados com a dívida são essenciais para o financiamento da transição energética nos países africanos, a maioria dos quais sofre um fardo esmagador do serviço da dívida, que restringe o espaço fiscal. A falta de ênfase no financiamento baseado em subvenções na decisão financeira da COP29 é escandalosa.
Denis Gyeyir, oficial de programas para a África do NRGI (Natural Resource Governance Institute)

COP30 no Brasil

Entidades destacaram papel do Brasil na COP30. O cenário torna o papel do Brasil fundamental na COP30, que ocorrerá em Belém (PA), em 2025. "A rota para Belém será difícil, mas temos confiança na liderança brasileira para entregar um resultado que contribua para a justiça climática global", disse Raíssa Ferreira, do Greenpeace Brasil.

Brasil deverá cobrar mais ambição dos países. "Agora, ao assumir a presidência da COP30, o Brasil terá o dever de continuar sendo um exemplo positivo e cobrar maior ambição dos demais países, assim como recuperar a confiança das partes após um processo decisório desgastado e em um contexto geopolítico mais desafiador", disse Silverwood-Cope, da WRI Brasil.

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