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China lidera dividendos globais; veja maiores pagadoras do mundo

Empresas do país asiático distribuiram US$ 44,6 bilhões no 3° trimestre de 2024 - iStock
Empresas do país asiático distribuiram US$ 44,6 bilhões no 3° trimestre de 2024 Imagem: iStock
do UOL

Colunista do UOL

23/11/2024 09h00

Apesar da fraqueza econômica enfrentada pelo país asiático, a China brilhou na distribuição de dividendos do 3° trimestre de 2024. Entre as cinco maiores pagadoras de proventos no mundo, quatro são empresas chinesas.

Se destacam nomes como China Construction Bank Corporation, com US$ 13,5 bilhões em dividendos pagos, seguido pela China Mobile Limited (US$ 6,86 bilhões) e a Petrochina (US$ 6,83 bilhões).

Já a chinesa Alibaba, que remunerou os acionistas com US$ 4,26 bilhões, ocupou a quinta posição no ranking global. Os dados são da 44ª edição do Índice Global de Dividendos da gestora Janus Henderson.

O relatório analisa trimestralmente as 1.200 maiores empresas do mundo por capitalização de mercado, que representam 90% dos dividendos distribuídos globalmente. A gestora britânica tem cerca de US$ 382 bilhões em ativos sob gestão.

A nível nominal, o crescimento dos dividendos chineses foi de 15,4% em relação ao 3° trimestre de 2023. Já em base subjacente - que ajusta a distorção causada por dividendos extraordinários, taxa de câmbio e outros fatores técnicos - a alta foi de 12,3% em relação ao ano anterior. A China atingiu um recorde em distribuições de proventos de US$ 44,6 bilhões no 3° trimestre de 2024.

Historicamente, o terceiro trimestre costuma ser muito forte para a China, porque as empresas costumam pagar um único dividendo anual no período. No entanto, três quartos do crescimento global da China foram graças a Alibaba, que distribuiu dinheiro aos acionistas pela primeira vez no ano.

A empresa deve ainda complementar seu pagamento regular com uma distribuição extraordinária, chegando assim ao patamar de US$ 6,8 bilhões em proventos no ano e igualando a PetroChina entre as maiores pagadoras do país asiático.

Outra história de sucesso foi a fabricante de carros elétricos BYD, que pagou o maior dividendo da sua história, superior a pagamentos distribuídos em trimestres anteriores, graças ao forte desempenho das suas vendas na China e ao redor do mundo.

Com dividendos de um dígito, os bancos também contribuíram com a alta no país, representando três quintos das distribuições. Exceto o China Everbright que fez um corte notável no pagamento de proventos.

Os dividendos chineses também impulsionaram o resultado dos Mercados Emergentes, que avançaram 1,4% em base subjacente no terceiro trimestre. Os pagamentos chineses representaram mais da metade do total do trimestre nos mercados emergentes.

E no mundo?

A nível global, os dividendos pagos pelas empresas registraram um recorde de US$ 431,1 bilhões no terceiro trimestre. A alta foi de 3,1% em termos nominais e subjacentes em relação ao terceiro trimestre de 2023.

Mesmo se tratando de um recorde, quando comparada com o crescimento de trimestres anteriores, a alta nas distribuições pode ser considerada moderada. Só no primeiro semestre de 2024, o avanço subjacente foi de 6,6%. De toda forma, a nível global, nove em cada dez empresas (88%) aumentaram seus dividendos ou os mantiveram estáveis.

Veja abaixo as 10 maiores pagadoras de dividendos do mundo:

1. China Construction Bank - US$ 13,5 bilhões
2. China Mobile Limited - US$ 6,86 bilhões
3. PetroChina - US$ 6,83 bilhões
4. Microsoft - US$ 5,57 bilhões
5. Alibaba - US$ 4,26 bilhões
6. Commonwealth Bank of Australia - US$ 4,13 bilhões
7. Apple - US$ 3,80 bilhões
8. Cnooc - US$ 3,77 bilhões
9. Exxon Mobil - US$ 3,75 bilhões
10. Industrial & Commercial Bank of China - US$ 3,74 bilhões


Entre os fatores que contribuíram com o crescimento moderado dos dividendos globais se destacam cortes na remuneração dos acionistas promovidos por cinco grandes empresas. Entre estas estão a Evergreen Marine em Taiwan e a Glencore no Reino Unido. Sem esses cortes, o crescimento trimestral dos dividendos globais teria sido duas vezes mais rápido, de 6,5%.

Outro aspecto que travou o crescimento dos dividendos globais foram os proventos extraordinários fracos no terceiro trimestre. Estes caíram um terço para o patamar de US$ 6,3 bilhões. O total pago foi US$ 5,5 bilhões menor do que o previsto pela Janus Henderson.

Além disso, algumas regiões como Ásia-Pacífico experimentaram dividendos menores, puxados pela fraqueza na Austrália, Hong Kong e Taiwan. Apenas Singapura conseguiu ir na contramão, impulsionada pelos proventos de bancos.

Por outro lado, países como China, Índia e Singapura registraram dividendos recorde. Já os Estados Unidos tiveram um crescimento de 10% nos proventos em base subjacente.

O avanço dos dividendos norte-americanos foi favorecido por empresas como Meta e Alphabet que começaram a pagar dividendos pela primeira vez em 2024. Mas também contribuiu a Walt Disney, que retomou o pagamento de proventos após interrupção na pandemia.

O crescimento dos dividendos americanos foi mais do que o dobro da média global. 96% das empresas aumentaram os pagamentos ou mantiveram-nos estáveis ano após ano.

Olhando setorialmente, bancos e empresas de comunicação (incluindo mídia na internet) foram os que mais contribuíram com o crescimento dos dividendos globais. Enquanto os setores de mineração e transporte apresentaram os maiores cortes na remuneração dos acionistas, com destaque para a empresa taiwanesa de transporte marítimo Evergreen Marine.

E no Brasil?

No terceiro trimestre de 2024, nenhuma empresa brasileira figurou entre as 20 maiores pagadoras de dividendos do mundo. Aliás, o Brasil experimentou uma queda nas distribuições de proventos de 42% a nível subjacente e 44,9% em termos nominais em relação ao mesmo período do ano anterior.

No terceiro trimestre, os dividendos brasileiros somaram US$ 4,4 bilhões, abaixo dos US$ 8 bilhões registrados um ano antes. No acumulado de 2024, a queda dos dividendos brasileiros é de 2,1%.

Apesar disso, quando considerados apenas os pagamentos brasileiros e latino-americanos, a Vale (VALE3) lidera com US$ 1,8 bilhão pagos, seguida pela Petrobras, com US$ 1,41 bilhão.

Veja abaixo as empresas brasileiras que figuraram entre as 1200 do ranking e quanto pagaram em dividendos no 3° trimestre:

1. Vale (VALE3) - US$ 1,8 bilhões
2. Petrobras (PETR4; PETR3) - US$ 1,41 bilhões
3. Banco do Brasil (BBAS3): US$ 679 milhões
4. Telefônica Brasil (VIVT3) - US$ 277 milhões
5. Weg (WEGE3) - US$ 207 milhões
6. B3 (B3SA3) - US$ 89 milhões
7. Banco Bradesco (BBDC3; BBDC4)- US$ 49 milhões

O que esperar?

Diante da queda nos dividendos extraordinários, a gestora Janus Henderson revisou levemente para baixo a sua expectativa para os dividendos globais em 2024. Agora a projeção é que em todo o ano as distribuições alcancem US$ 1,73 trilhão, alta nominal de 4,2% e subjacente de 6,4%.

Antes, a expectativa era de US$ 1,74 trilhão, com crescimento nominal de 4,7%.

Para Jane Shoemake, gestora de ações globais da Janus Henderson, a rentabilidade das empresas na maior parte do mundo segue robusta, o que significa que o crescimento dos dividendos deve continuar em 2025.

Ela destaca que as preocupações dos investidores de que as taxas de juros elevadas possam comprometer as distribuições de proventos se mostraram erradas. As empresas estão conseguindo refinanciar suas dívidas e os bancos estão bem capitalizados, gerando assim bons retornos.

Aparentemente, os dividendos apresentam um crescimento, mas constante do que os lucros das empresas ao longo do tempo e em diversos ciclos econômicos. "Continuamos confiantes que o crescimento subjacente deste ano estará em linha com o forte desempenho visto no primeiro semestre", avalia Shoemake.

Mais de um sexto desse crescimento subjacente anual virá de empresas como Alibaba e Meta, que estão pagando dividendos pela primeira vez e se mostrando como potenciais quando o assunto é remuneração dos acionistas.

Shoemake exemplifica com a Alphabet, que tem US$ 80,9 bilhões de caixa no balanço até o terceiro trimestre, sendo que já destinou US$ 46,7 bilhões em recompras de ações e US$ 5 bilhões em dividendos até setembro. Desta forma, ainda haveria espaço para novos dividendos no futuro.

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