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Primeira congressista transgênero dos EUA está na mira dos republicanos

22/11/2024 11h20

Mesmo antes de se tornar a primeira mulher transgênero no Congresso dos EUA, Sarah McBride, 34 anos, disse que esperava encontrar reações hostis. Ela não estava errada.

"Eles podem tentar confundir meu gênero, podem tentar dizer o nome errado, eles farão o que nós já prevíamos", disse ela ao podcast TransLash no mês passado, antes de sua vitória nas eleições de 5 de novembro.

"Farão de tudo para me provocar e meu trabalho será não lhes dar a resposta que querem", explicou a democrata de Delaware.

Antes de sua chegada à Câmara dos Representantes, no dia 3 de janeiro, McBride foi alvo de uma resolução de uma congressista republicana nesta semana para proibir o acesso de mulheres transgênero aos banheiros femininos no Capitólio.

"Só porque um congressista usa minissaia não significa que possa entrar em um banheiro de feminino", escreveu nas redes sociais Nancy Mace, da Carolina do Sul, trocando propositalmente o gênero de McBride.

O presidente da Câmara de Representantes, Mike Johnson, tentou ganhar tempo para debater a questão e acabou se posicionando a favor da proibição, afirmando que os banheiros de um só gênero seriam "reservados para indivíduos do mesmo sexo biológico".

McBride, que usa vestidos na altura do joelho, não minissaias, emitiu uma comunicado dizendo que respeitará as regras "mesmo que não concorde com elas".

"Não estou aqui para brigar por banheiros", disse a política e ativista, que fez a transição aos 21 anos.

- Questões conflitantes -

Donald Trump levantou a questão da transexualidade na reta final de sua campanha presidencial, em uma tentativa de atrair eleitores indecisos.

Duas das questões conflitantes importantes entre conservadores e progressistas são se as mulheres transgênero devem ter permissão para ir a banheiros femininos e competir em esportes femininos.

Trump zombou de atletas transgênero e da "ideologia woke", um termo usado para se referir àqueles que defendem os direitos das minorias em face do racismo ou de questões de gênero, entre outros.

O magnata de 78 anos prometeu tirar a "loucura transgênero" das escolas e manter "os homens fora dos esportes femininos".

McBride é uma defensora de longa data dos direitos trans e ajudou a fazer campanha por uma lei que proibia a discriminação de gênero em seu estado natal, Delaware, durante a qual foi publicamente chamada de "aberração" e "diabo encarnado".

"Ouvir isso foi humilhante e desumano para minha filha", disse sua mãe, Sally, ao The Washington Post em 2018. "Ainda é difícil para mim aceitar isso".

McBride não se intimidou. Em 2020, ela foi eleita a primeira senadora estadual transgênero dos Estados Unidos.

- Estágio na Casa Branca - 

McBride falou abertamente sobre seus problemas de saúde mental, sua educação quando criança e sua tragédia pessoal em uma autobiografia publicada em 2018.

"Lembro-me de quando era criança e rezava à noite em minha cama pedindo para acordar no dia seguinte e ser uma menina", disse ela em uma palestra TED em 2016.

Ela chamou a atenção do público pela primeira vez com uma carta aberta, quando era líder estudantil na American University, em Washington, anunciando sua transição.

Mais tarde, ela conheceu o presidente Joe Biden e sua família, também de Delaware, quando se envolveu na política local. 

Depois de estagiar na Casa Branca durante a presidência de Barack Obama, recebeu um convite para falar na convenção do Partido Democrata de 2016.

Foi também na Casa Branca que ela conheceu seu marido, Andrew Cray, transgênero e ativista LGBTQIAPN+. Eles se casaram dois anos depois, pouco antes de Cray morrer de câncer.

McBride diz que seu objetivo no Congresso é ser eficaz nas prioridades cotidianas dos eleitores, como moradia e inflação.

No entanto, ela sabe que será uma porta-voz ? e defensora ? da comunidade trans.

"Não posso fazer o que é certo para a comunidade trans se não for o melhor membro do Congresso que posso ser para Delaware", disse ela à TransLash.

"É a única maneira de as pessoas verem que pessoas trans podem ser bons médicos, bons advogados, bons educadores, bons membros do Congresso. Não posso estar lá para publicar um comunicado à imprensa e tuitar toda vez que alguém diz algo".

adp/bgs/erl/nn/jmo/yr

© Agence France-Presse

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