Presidente do BCE renova apelo por integração da Europa com iminência de guerra comercial
FRANKFURT (Reuters) - A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, renovou seu apelo pela integração econômica de toda a Europa nesta sexta-feira, argumentando que a intensificação das tensões comerciais globais e uma crescente lacuna tecnológica em relação aos Estados Unidos criam uma nova urgência para a ação.
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, tem prometido impor tarifas sobre a maioria das importações do país e disse que a Europa pagará um preço alto por ter mantido um grande superávit comercial com os EUA durante décadas.
"O ambiente geopolítico também tem se tornado menos favorável, com ameaças crescentes ao livre comércio de todos os cantos do mundo", disse Lagarde em um discurso, sem se referir diretamente a Trump.
"A urgência de integrar nossos mercados de capitais tem aumentado."
Embora a Europa tenha feito algum progresso, os membros da União Europeia tendem a diluir a maioria das propostas para proteger interesses nacionais em detrimento do bloco como um todo, disse Lagarde.
Mas isso estaria tirando centenas de bilhões, se não trilhões, de euros da economia, uma vez que as famílias têm 11,5 trilhões de euros em dinheiro e depósitos, e grande parte disso não está chegando às empresas que precisam de financiamento.
"Se as famílias da UE alinhassem sua relação entre depósitos e ativos financeiros com a das famílias dos EUA, um estoque de até 8 trilhões de euros poderia ser redirecionado para investimentos de longo prazo baseados no mercado, ou seja, um fluxo de cerca de 350 bilhões de euros por ano", disse Lagarde.
Quando o dinheiro entra de fato no mercado de capitais, geralmente fica dentro das fronteiras nacionais ou vai para os EUA na esperança de melhores retornos, acrescentou Lagarde.
Portanto, a Europa precisa reduzir o custo do investimento nos mercados de capitais e facilitar o regime regulatório para que o dinheiro flua para os locais onde é mais necessário.
Uma solução poderia ser a criação de um regime regulatório comum em toda a UE, além das 27 regras nacionais, e determinados emissores poderiam então optar por essa estrutura.
Ainda assim, isso não resolveria o problema de poucas empresas de inovação se instalarem na Europa, em parte devido à falta de financiamento. Portanto, a Europa deve facilitar o fluxo de investimento para capital de risco e para os bancos financiarem start-ups, disse ela.
(Por Balazs Koranyi)