As razões que levam o brasileiro a se endividar (cartão de crédito no topo)
Sete em cada dez brasileiros já se endividaram, e os principais motivos para tomar um empréstimo incluem despesas não esperadas e o abuso do cartão de crédito. Os dados são da pesquisa Panorama Crédito no Brasil, realizada pela Creditas, fintech de oferta de seguros e crédito.
Perfil dos endividados
Sete em cada dez brasileiros já se endividaram. Dentre os entrevistados, 15% disseram que estão atualmente endividados pela primeira vez, enquanto 15% disseram que estão endividados e já têm um histórico anterior de dívidas. Outros 39% já se endividaram, mas não têm dívidas atualmente. Com isso, 69% estão endividados ou já estiveram endividados no passado (7 em cada 10). Outros 31% disseram que nunca contraíram dívidas.
Despesas inesperadas e uso excessivo do cartão de crédito são as maiores causas de dívida. Sobre a situação que levou ao endividamento, 30% relataram despesas inesperadas. Outros 27% elencaram o uso excessivo do cartão de crédito e 24% citaram o parcelamento do cartão como motivo do endividamento. 19% relataram atraso no pagamento de contas e 18% disseram que o desemprego levou às dívidas. Uma fatia de 17% relatou que o motivo para o endividamento foi a compra de um bem, como imóvel ou carro.
Tipos de crédito
Cartão de crédito e empréstimo pessoal são as modalidades de crédito mais conhecidas. Questionados sobre os tipos de crédito que conhecem, 81% citaram o cartão de crédito, enquanto 65% citaram o empréstimo pessoal. Cheque especial, financiamento de veículos e o crédito consignado ficam empatados: os três tipos são conhecidos por 56% dos entrevistados.
O financiamento imobiliário é conhecido por 52%. Já o empréstimo com antecipação do FGTS é conhecido por 42%. O empréstimo com garantia de imóvel é conhecido por 31%. Em seguida vêm o empréstimo com agiota e o empréstimo com garantia de veículo, ambos conhecidos por 28% dos entrevistados.
Dos entrevistados, 66% já solicitaram algum tipo de crédito. Desses, 65% já solicitaram cartão de crédito e 42% solicitaram empréstimo pessoal. O crédito consignado (que tem o salário como garantia), o financiamento de veículo e o cheque especial foram solicitados por 28% dos respondentes. O financiamento imobiliário foi solicitado por 24%, enquanto o empréstimo com antecipação do FGTS foi solicitado por 12%.
Um ponto de atenção é que o cartão de crédito aparece como fonte de crédito, mas também como causa de endividamento por falta de controle. Ele é um dos principais fatores de descontrole financeiro.
Guilherme Casagrande, educador financeiro da Creditas
Falta de conhecimento
Brasileiros buscaram se informar sobre juros e valor da parcela. Antes de contrair uma dívida, 67% dos que já tomaram crédito fizeram uma pesquisa sobre taxas de juros. 60% buscaram informações sobre o valor da parcela e 56% buscaram se informar sobre prazos de pagamento. O valor total da dívida foi pesquisado por 42%, enquanto as condições e os meios de contratação do crédito foram pesquisados por 33%. 31% pesquisaram sobre os benefícios e 22% buscaram sobre os riscos envolvidos na operação.
Poucos têm clareza sobre as taxas de juros e o custo total da dívida. Dentre os que contraíram dívidas, 63% tinham clareza sobre os valores das parcelas e 56%, sobre as formas de pagamento e a quantidade de parcelas. Porém, apenas 30% tinham clareza sobre temas como as taxas de juros e o custo efetivo total da dívida. Outros 21% tinham clareza sobre tabela de amortização.
As pessoas ainda usam os créditos mais caros que existem no mercado. Existem opções mais atrativas, mas elas ainda vão para o senso comum. Há uma falta de conhecimento. As pessoas não conhecem por exemplo o custo efetivo total da operação.
Guilherme Casagrande, educador financeiro da Creditas
Modalidades mais conhecidas têm juros mais altos. Segundo Casagrande, muitas pessoas poderiam ter acesso a crédito mais barato, como os empréstimos com garantias. Segundo a Creditas, que é focada nesse tipo de empréstimo, o Brasil tem hoje 48 milhões de casas e 28 milhões de carros totalmente quitados. "Existe uma grande possibilidade de essas pessoas estarem com crédito mais caro do que precisariam", diz.
O levantamento tem como objetivo entender os hábitos de quem toma crédito no Brasil. Foram entrevistadas 1.506 pessoas de forma online, em agosto de 2024. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais e o intervalo de confiança é de 95%.