Paes e Moro trocam farpas no X: 'Deliquentes eram seus amigos'
Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), o senador Sergio Moro (União) e o juiz federal Marcelo Bretas trocaram farpas e acusações durante a madrugada e a manhã desta sexta-feira (22).
O que aconteceu
A discussão começou quando Bretas compartilhou em sua rede social um texto em referência ao indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele destacou um artigo do Código Penal que trata da não punição em caso de tentativa de crime ou desistência voluntária.
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Nesse sentido, o art. 31 do Código Penal reza que "O AJUSTE, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, NÃO SÃO PUNÍVEIS, SE o crime NÃO CHEGA, pelo menos, A SER TENTADO" (grifei).
Trecho de postagem do juiz federal Marcelo Bretas
Bretas foi o juiz responsável pelos processos da operação Lava Jato no Rio de Janeiro, na 7ª Vara Federal Criminal do estado. Em fevereiro de 2023, foi afastado do cargo por tempo indeterminado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ele responde a três processos administrativos por desvio de conduta.
A postagem de Bretas não menciona explicitamente Bolsonaro. Mas o ex-presidente foi indiciado ontem, junto com outras 36 pessoas, por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado democrático de Direito e organização criminosa. Além disso, na terça-feira, uma operação da PF prendeu militares suspeitos de planejarem o assassinato do então presidente eleito Lula, do vice, Geraldo Alckmin, e do ministro do STF Alexandre de Moraes, após as eleições de 2022.
Eduardo Paes republicou o texto, atacando Bretas: "Delinquente sendo delinquente!". Em julho, o STF anulou decisões de Bretas contra Paes no âmbito da Lava Jato.
Moro, que foi o principal juiz da Lava Jato, em Curitiba, saiu em defesa do magistrado nesta manhã e criticou Paes. "Delinquentes eram os seus amigos que ele prendeu".
A troca de insultos continuou. Bretas chamou Paes de "palhaço", e o prefeito se referiu a Moro como "lixo", acusando-o de, junto com o juiz fluminense, comprometer a credibilidade do Judiciário em razão de ambições políticas.
Vocês dois são o exemplo do que não deve ser o Judiciário. Destruíram a luta contra a corrupção graças à ambição política de ambos. Você [Moro] ainda conseguiu um emprego de ministro da Justiça e foi mais longe na política. Esse aí [Bretas] nem isso. Ele era desprezado pelo próprio Bolsonaro, que fez uso eleitoral das posições dele. E quem me disse isso foi o próprio ex-presidente. Recolha-se à sua insignificância. Aqui você não cresce! Lixo!"
Postagem do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), nas redes sociais
Moro deixou a magistratura em 2019 para ser ministro da Justiça e Segurança Pública no governo Bolsonaro. Saiu cerca de um ano depois, acusando Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal. Em 2021, o STF considerou que Moro foi parcial durante o julgamento do então ex-presidente Lula na Lava Jato, e anulou as condenações.