MP da Venezuela abre investigação por 'traição' contra María Corina Machado
O Ministério Público (MP) da Venezuela abriu nesta sexta-feira (22) uma nova investigação contra a líder opositora María Corina Machado, acusada de "traição à pátria" por "conspirar" com o governo de Joe Biden para promover nos Estados Unidos um projeto de lei para isolar economicamente o Executivo de Nicolás Maduro.
"Os pronunciamentos públicos de María Corina Machado em torno desse projeto de lei a envolvem gravemente e constituem a prática dos crimes de traição à pátria", apontou o MP em um comunicado.
A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou na segunda-feira o projeto de lei bipartidário Bolívar, que ainda precisa da aprovação do Senado e da assinatura do presidente para entrar em vigor.
O texto, oficialmente denominado Proibição de Operações e Arrendamentos com o Regime Autoritário Venezuelano Ilegítimo, proíbe a assinatura de contratos com pessoas que realizem negócios "com o governo ilegítimo de Nicolás Maduro" ou com qualquer outro "não reconhecido como legítimo pelos Estados Unidos".
Caracas classificou o projeto como um "ataque criminoso", alegando que viola a Carta das Nações Unidas e "se soma às mais de 930 medidas coercitivas unilaterais e extraterritoriais".
Em resposta à medida de Washington, o Parlamento venezuelano aprovou na quinta-feira a Lei Orgânica Libertador Simón Bolívar contra o Bloqueio Imperialista, que propõe a inabilitação para exercer cargos públicos de venezuelanos que apoiem as sanções americanas.
Durante seu primeiro mandato (2017-2021), o presidente eleito Donald Trump impôs uma política de máxima pressão contra o governo de Maduro, endurecendo sanções e até aplicando um embargo petrolífero em uma tentativa fracassada de removê-lo do poder.
O Ministério Público venezuelano também investiga María Corina Machado por supostamente divulgar em um site 80% das atas eleitorais, algo que, segundo a oposição, seria prova de que Edmundo González Urrutia venceu as eleições presidenciais.
Machado também está sendo investigada por "instigação à insurreição" das Forças Armadas após as eleições que proclamaram Maduro para um terceiro mandato consecutivo.
O Conselho Nacional Eleitoral ainda não publicou as atas da apuração, como exige a lei, alegando um suposto ataque hacker ao sistema informático.
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