PM de SP já matou mais de 474 pessoas em 2024; estudante foi morto em hotel
A Polícia Militar de São Paulo matou 474 pessoas durante ações policiais no estado de janeiro a setembro deste ano, segundo os dados mais recentes contabilizados pela própria Secretaria de Segurança. Nesta quarta-feira (20), a vítima foi um estudante de medicina, baleado em um hotel na zona sul da capital.
O que aconteceu
A maioria dos alvos (64%) é formada por pessoas negras (255 pardos e 51 pretos). Ainda há 143 vítimas identificadas como brancas, enquanto as outras 25 pessoas não tiveram a cor da pele registrada.
O levantamento feito pelo UOL mostra ainda que 99% das vítimas são homens, como o estudante Marco Aurélio Cardenas Acosta. A capital paulista lidera a lista de mortos com 122 casos, seguida de Santos, com 36, e São Vicente, 29.
Como o UOL noticiou na segunda-feira (18), os dados também mostram que, sob o governo Tarcísio, as polícias Civil e Militar matam um adolescente a cada nove dias. Foram 69 menores de 18 anos mortos desde 2023.
O estudo mostra que 68% dessas vítimas também são negras (58% de pardos e 10% de pretos). Os outros 32% são considerados brancos, segundo o levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz a pedido da reportagem.
A SSP-SP diz que as mortes em decorrência de intervenção policial "são resultado da reação de suspeitos à ação da polícia". "Todos os casos são rigorosamente investigados pelas polícias Civil e Militar, com acompanhamento das respectivas corregedorias, Ministério Público e Poder Judiciário".
Os policiais passam por cursos que contemplam os direitos humanos, segundo a secretaria. "Desde a formação e ao longo de toda carreira, os policiais paulistas passam por cursos de formação e atualização que contemplam disciplinas de direitos humanos, igualdade social, diversidade de gênero, ações antirracistas, entre outras".
Morte em hotel
Um policial militar matou o estudante com um tiro à queima-roupa em um hotel na zona sul de São Paulo na madrugada desta quarta. Os policiais envolvidos no caso foram afastados.
Os agentes chegaram ao local e viram Marco Aurélio "bastante alterado" e agressivo, segundo o boletim de ocorrência. O vídeo mostra o estudante reagindo à abordagem.
Em certo momento, ele puxa um dos policiais pela perna, e é baleado. O resgate foi acionado e o estudante foi levado ao Hospital Ipiranga, mas não resistiu aos ferimentos.
A morte foi registrada como decorrente de intervenção policial. O agente que atirou no jovem teve a arma apreendida.
A Polícia Militar teria sido chamada após Marco discutir e agredir uma garota de programa no hotel. Os dois já se conheciam e mantinham uma "relação de afinidade", disse a mulher à polícia.