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Oito em cada dez homens mortos por arma de fogo no Brasil são negros, aponta pesquisa

São Paulo

21/11/2024 07h20

Cerca de oito em cada dez (79%) homens mortos por arma de fogo no Brasil são negros, segundo pesquisa divulgada na quarta-feira, 20, Dia da Consciência Negra, pelo Instituto Sou da Paz. O estudo aponta ainda que a taxa de homicídios por armas de fogo entre homens negros é de 44,9 para cada 100 mil homens, três vezes maior do que a observada entre não-negros (14,7).

Os dados compõem a terceira edição do relatório "Violência Armada e Racismo: o papel da arma de fogo na desigualdade racial", que busca traçar um panorama do impacto da violência armada na vida dos homens brasileiros.

A pesquisa foi feita com base em informações do Ministério da Saúde, consolidados para o ano de 2022, por meio do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

Conforme o relatório, as armas de fogo estiveram envolvidas em quase 38 mil mortes anuais de homens no Brasil entre 2012 e 2022. Esse número indica que, a cada três homens assassinados no País, dois são baleados.

- Entre os anos de 2012 e 2022, 417 mil homens foram mortos por armas de fogo no Brasil.

- Ao todo, 43% das mortes ocorrem na faixa de 20 a 29 anos e 40%, entre 30 e 59 anos. Quando consideradas apenas as armas de fogo, os homens jovens (20-29 anos) e os adolescentes (15-19 anos) são as principais vítimas;

- Em 2022, a taxa de homicídios masculinos por armas de fogo foi de 32,2 por 100 mil homens;

- Quando se leva em conta a faixa etária de 15 a 19 anos, esse índice salta para 57,2;

- E quando o recorte é de 20 a 29 anos, a taxa salta para 89,3 casos para cada 100 mil homens.

O relatório indica também que os homens negros representam 68% dos atendidos no sistema de saúde por algum tipo de agressão armada.

Nordeste tem a maior taxa de homicídios armados

O Nordeste continua sendo a região com a maior taxa de homicídios armados, com 57,9 mortes por 100 mil homens. A região é seguida pelo Norte, que tem uma participação proporcional baixa, mas uma taxa alta - de 49,1. O Centro-Oeste (27,0) vem atrás, seguido por Sul (23,2) e Sudeste (16,1).

Em 46% dos casos os agressores são desconhecidos. Além disso, 7% dos casos envolvem policiais - o número sobe para 9% quando as agressões são relacionadas a adolescentes e jovens adultos.

A pesquisa aponta ainda que as vias públicas concentram 50% das ocorrências de homicídios, mas esse dado se altera conforme a faixa etária.

A rua é o espaço onde ocorre a violência na adolescência e na vida adulta. Já a residência se destaca como local da agressão armada contra crianças e pessoas mais velhas.

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