Bolsonaro ataca Moraes após ser indiciado pela PF: 'Conduz todo inquérito'
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou o ministro do STF Alexandre de Moraes, ao comentar o fato de ter sido indiciado pela Polícia Federal no inquérito sobre os atos golpistas de 8 de janeiro.
O que aconteceu
Bolsonaro afirmou que Moraes "faz tudo o que não diz a lei". "O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei", disse o ex-presidente em entrevista ao colunista Paulo Capelli, do Metrópoles.
O ex-presidente disse ainda que vai esperar o inteiro teor do relatório da PF. "Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar", destacou Bolsonaro.
Bolsonaro e mais 36 pessoas foram indiciadas pela PF por suspeita de envolvimento nos atos golpistas. Além dele, figuras como os generais Walter Braga Netto e Augusto Heleno e o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, estão entre os indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
O relatório da investigação, com 884 páginas, foi enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal). Na Corte, o documento vai para as mãos do ministro Alexandre de Moraes. Com o indiciamento, a PF apontou quais crimes os investigados teriam praticado a partir do conjunto de elementos reunidos ao longo da investigação.
Pela primeira vez, um ex-presidente eleito no período democrático é indiciado como responsável por tramar contra a democracia no país. A reportagem tenta contato com a defesa de Bolsonaro, Braga Netto e do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
As investigações apontaram que os indiciados se estruturaram por divisão de tarefas. Isso teria permitido a "individualização das condutas e a constatação da existência de grupos", segundo a PF.
Entre os grupos, estão os de desinformação e ataques ao sistema eleitoral e outro responsável por "incitar militares a aderirem golpe de Estado". Há também o núcleo jurídico, o operacional de apoio às ações golpistas, núcleo de inteligência paralela e núcleo operacional para cumprimento de medidas coercitivas.
Veja a lista dos indiciados
- Ailton Gonçalves Moraes Barros, capitão reformado
- Alexandre Castilho Bitencourt da silva, coronel
- Alexandre Rodrigues Ramagem, ex-diretor-geral da Abin
- Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha no governo Bolsonaro
- Amauri Feres Saad, advogado e suposto autor da minuta golpista
- Anderson Gustavo Torres, ex-ministro da Justiça no governo Bolsonaro
- Anderson Lima De Moura
- Angelo Martins Denicoli
- Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-ministro-chefe do GSI
- Bernardo Romao Correa Netto
- Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
- Carlos Giovani Delevati Pasini
- Cleverson Ney Magalhães
- Estevam Cals Theophilo Gaspar De Oliveira
- Fabrício Moreira De Bastos
- Filipe Garcia Martins
- Fernando Cerimedo
- Giancarlo Gomes Rodrigues
- Guilherme Marques De Almeida
- Hélio Ferreira Lima
- Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente
- José Eduardo De Oliveira E Silva
- Laercio Vergilio
- Marcelo Bormevet, agente da PF
- Marcelo Costa Câmara, ex-assessor de Bolsonaro
- Mario Fernandes, general da reserva
- Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
- Nilton Diniz Rodrigues
- Paulo Renato De Oliveira Figueiredo Filho
- Paulo Sérgio Nogueira De Oliveira
- Rafael Martins De Oliveira
- Ronald Ferreira De Araujo Junior
- Sergio Ricardo Cavaliere De Medeiros
- Tércio Arnaud Tomaz
- Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL
- Walter Souza Braga Netto
- Wladimir Matos Soares