Alta do dólar pode impactar os descontos da Black Friday desse ano
A alta do dólar pode resultar na Black Friday com uma dinâmica diferente dos anos anteriores, preços mais altos para produtos importados, descontos mais seletivos e maior ênfase em produtos nacionais. Mesmo diante desse cenário, as perspectivas para as vendas no estado e na cidade de São Paulo, por exemplo, indicam desempenho estável em relação a 2023.
O que aconteceu
Pesquisa avalia a intenção de compra na Black Friday. De acordo com pesquisa realizada pela ACSP (Associação Comercial de São Paulo), 35,5% dos entrevistados pretendem comprar na Black Friday; 36,0% responderam que não têm intenção de fazê-lo; enquanto 28,5% ainda não sabem. Na comparação com o ano passado, houve redução da proporção dos que manifestaram intenção de compra e aumentos das porcentagens dos que não pretendem fazê-las e dos indecisos.
A maioria dos consumidores pretende comprar roupas, calçados e acessórios. Nas intenções de compra registradas pela pesquisa, assim como no ano passado e no cenário nacional, predominam os seguintes itens: roupas, calçados e acessórios (35,9%), celulares (18,5%), perfumes (23,5%), móveis e artigos para o lar (23,0%), computadores, notebooks e tablets (16,4%), televisores (12,3%) e produtos de linha branca (32,6%).
No entanto, a inflação no Brasil, que já vinha pressionando o poder de compra do consumidor, pode ser agravada pela alta do dólar. Isso significa que, embora os consumidores esperem descontos, o efeito da inflação e o aumento dos custos de importação podem limitar a efetividade das promoções.
Com alta no custo de vida, famílias pensam duas vezes antes de gastar. Economista da ACSP, Ulisses Ruiz de Gamboa diz que a inflação elevada de itens essenciais, como alimentação e bebidas, tem impactado negativamente o poder de compra das famílias paulistas, tornando-as mais cautelosas na hora de realizar aquisições. "Adicionalmente, as intenções de compra reveladas pela pesquisa apresentam destaque não somente para artigos eletroeletrônicos, como também para aqueles de uso pessoal", afirma.
Promoções e descontos
Setores como moda e bens de consumo de marcas brasileiras podem se destacar, uma vez que sofrem menos com a flutuação do câmbio. Produtos nacionais, como roupas e alimentos, podem ter descontos mais vantajosos, e os consumidores podem se concentrar nessas ofertas.
Comércio vê oportunidade de atrair novos clientes. Cristiane Castelão, head de e-commerce na One Up, marca brasileira de moda feminina de luxo, diz que a Black Friday é um momento de oportunidades para atrair novos clientes e engajar os fiéis à marca.
Antecipamos o planejamento e ajustamos nosso portfólio com ações cuidadosamente desenhadas. Mesmo em um cenário de dólar elevado, estamos otimistas. Selecionamos itens exclusivos para a Black Friday, com descontos generosos em peças que unem estilo, funcionalidade e apelo atemporal.
Cristiane Castelão, head de e-commerce na One Up
Tecnologia como investimento na experiência do cliente. A marca também optou por investir em tecnologia e garantir o e-commerce rápido, intuitivo e responsivo. "Plataformas robustas e funcionalidades como personalização de recomendações são ferramentas essenciais para criar uma jornada de compra impecável", afirma a head de e-commerce.
Mudança nos padrões de consumo
A alta do dólar pode levar o consumidor a ser mais cauteloso com seus gastos. Além disso, o aumento da percepção de que os preços podem continuar subindo pode levar ao movimento de compra mais conservador, focado em produtos essenciais ou em descontos muito atraentes.
Consumidor deve comparar os preços antes de comprar. Livia Maria Cordeiro Di Pacce, relações públicas, diz não confiar muito nas promoções que aparecem nesse período. Por pesquisar os produtos de seu interesse ao longo do ano todo, ela sabe exatamente o valor de cada item. "Normalmente se algo me chama atenção, eu compro na hora, pois já sei quanto vale. Então consigo analisar se é bom ou não", declara.