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Petrobras (PETR4): dividendos acima de 10% garantidos nos próximos anos?

Novo plano de negócios fortalece imagem de forte geração de caixa e dividendos robustos - André Motta de Souza/Banco de Imagens Petrobras
Novo plano de negócios fortalece imagem de forte geração de caixa e dividendos robustos Imagem: André Motta de Souza/Banco de Imagens Petrobras
do UOL

Colunista do UOL

20/11/2024 09h45

Dividendos robustos e dividend yield anual acima de 10%, esse é o cenário que o mercado traça para os proventos da Petrobras nos próximos cinco anos. A perspectiva positiva vem após a petroleira divulgar ao mercado alguns dados referentes ao seu Plano de Negócios 2025-2029. As premissas deste plano ainda devem ser aprovadas em reunião do Conselho de Administração na quinta-feira (21).

O grande destaque ficou por conta dos dividendos ordinários, que serão de no mínimo US$ 45 bilhões nos próximos cinco anos, com forte possibilidade de serem maiores. No plano anterior (2024-2028), a Petrobras estipulava dividendos regulares de US$ 40 bilhões a US$ 45 bilhões. Ou seja, o teto virou piso.

Para os dividendos extraordinários, a perspectiva da companhia é que os pagamentos sejam de até US$ 10 bilhões. Quase nenhuma mudança em relação ao plano anterior, que estipulava uma faixa de remuneração extra entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões.

Mercado gostou de projeção para dividendos

Para o mercado, o aumento em US$ 5 bilhões na projeção para o mínimo de dividendos regulares é muito positivo e reforça que a companhia deve seguir com geração de caixa forte e entregando um dividend yield (retorno em dividendos) bom. "Esse foi o ponto mais positivo da proposta, a companhia projetando dividendos regulares maiores", avalia Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.

Somente com os dividendos regulares já daria para colocar um bom dinheiro no bolso. É o que acredita Gabriel Duarte, analista da Ticker Research, que utilizando uma projeção conservadora para o câmbio de R$ 5,50, chegaria a R$ 247 bilhões em dividendos nos cinco anos, cerca de R$ 61 bilhões por ano. Considerando o valor de mercado atual da empresa, o dividend yield anual seria de 11%, podendo chegar até 13% dependendo do câmbio e cotação das ações, de acordo com os cálculos do analista.

"Na minha visão, a Petrobras continua sendo uma excelente empresa para dividendos, para manter em carteira com foco em renda. E tem muita geração de valor para o acionista no longo prazo", comenta Duarte.

Para os analistas Pedro Soares e Henrique Pérez, do BTG Pactual, a projeção para os dividendos é favorável e a depender de como a curva de investimentos seja estruturada nos próximos 5 anos, haveria um potencial aumento dos proventos.

Segundo eles, as perspectivas para o investimento na companhia (capex) da Petrobras sempre foram pessimistas, dadas as restrições na cadeia de suprimentos em exploração e produção que impediam a empresa de atingir suas previsões. Cenário que embora parece melhorar o futuro, não faria com que a petroleira exceda sua capacidade de investimento estipulado no plano.

"Assumindo que a distribuição de dividendos ordinários de US$ 45 bilhões nos próximos 5 anos parece ser um parâmetro razoável para uma "previsão mínima" (implicando um dividend yield de 10%). Se a Petrobras distribuir os US$ 10 bilhões adicionais em dividendos especiais, o dividend yield aumentaria para 13%", apontam os analistas do BTG.

De acordo com Soares e Pérez, há alguns catalisadores que podem favorecer distribuições maiores de proventos nos próximos cinco anos, entre estas: saldo de caixa e meta de dívida bruta. Se a Petrobras reduzir seu saldo de caixa de referência, atualmente fixado em US$ 8 bilhões, para não precisar ter níveis excessivos de caixa como visto nos últimos anos, liberaria espaço para dividendos adicionais.

Ainda segundo os analistas, não seria negativo se o limite de dívida bruta de US$ 65 bilhões, estipulado na política de remuneração aos acionistas, seja ampliado. E contribuiria com remunerações maiores. Ambos os aspectos ainda não foram divulgados ao mercado e poderiam melhorar o cenário para o pagamento de dividendos.

Para os analistas Regis Cardoso e Helena Kelm, da XP Investimentos, são esperados dividendos ordinários de US$ 52 bilhões nos próximos cinco anos, com um preço do barril de petróleo brent de em média US$ 70. Contudo, eles destacam que as distribuições de dividendos dependem do preço do petróleo projetado, sobre o qual a Petrobras ainda deve dar detalhes quando o plano for aprovado.

No Goldman Sachs, o aumento de US$ 5 bilhões no limite mínimo de dividendos é um sinal positivo para o mercado e implica potencialmente uma geração de caixa melhor do que a esperada para o ciclo de investimentos 2025-2029.

Impacto dos investimentos nos dividendos

Quando observadas as propostas da companhia para investimentos também há sinais de que os dividendos continuarão robustos.

No seu novo plano de negócios, a Petrobras estipula investimentos totais de US$ 111 bilhões, um aumento de quase 9% em relação ao plano anterior que previa investimentos de US$ 102 bilhões. "Apenas como base de comparação, o plano 2024-2028 tinha mostrado um incremento muito maior na época de sua divulgação, de US$ 24 bilhões (+30%) para o plano anterior (2023-2027)", observa Ruy Hungria, analista da Empiricus Research. Sem a companhia colocando o pé no acelerador para investimentos, haveria mais espaço para remunerar acionistas.

Dentro dos investimentos, US$ 77 bilhões serão destinados ao segmento de exploração e produção, sendo US$ 7,9 bilhões em exploração. Já para áreas como Refino, Transporte, Comercialização, Petroquímica e Fertilizantes (RTC) serão destinados US$ 20 bilhões.

No plano anterior, foram US$ 73 bilhões destinados a exploração e produção, sendo US$ 7,5 bilhões para exploração. O que mudou foi que antes os investimentos em exploração e produção representavam 72% do total de investimentos e agora passam a ser 69%.

Um medo constante do mercado é de que a Petrobras foque em áreas pouco rentáveis. Contudo, o fato de o foco principal dos investimentos ser o segmento de exploração e produção acabou animando analistas. "Isso reforça que a Petrobras deve continuar gerando muito caixa ao longo dos próximos anos", aponta Marco Saravalle, analista CNPI-P e sócio-fundador da MSX Invest. Saravalle, contudo, faz a ressalva que o nível de caixa e endividamento serão variáveis cruciais.

"O próximo plano indica o foco em exploração e produção, a continuidade de uma forte geração de caixa e remuneração aos acionistas", avaliam Conrado Vegner e Vinícius Andrade, analistas do Banco Safra.

Já em relação aos investimentos em Refino, Transporte, Comercialização, Petroquímica e Fertilizantes (RTC), a Genial Investimentos considera como negativo. "Acreditamos que o aumento do foco em aquisições (petroquímicas ou refinarias), negócio de refino e outros segmentos de negócios com histórico de execução pouco interessante", destaca o analista Vitor Sousa. "Para fins de comparação, os investimentos em RTC no plano anterior era de apenas US$ 12 bilhões", completa.

A proposta do plano fez ainda menção a uma produção total de 3,2 milhões de barris de óleo e gás por dia. Variável que o mercado interpretou como meta a ser atingida em 2029, embora possa ser alcançada antes.

E os dividendos extraordinários de 2024?

Outro assunto que ficou pendente e sobre o qual a companhia ainda não se manifestou é sobre a possibilidade de pagamento de dividendos extraordinários ainda em 2024. É esperado que a diretoria anuncie sua decisão sobre o assunto ainda nesta semana.

Para os analistas, a Petrobras está com endividamento controlado e boa geração de caixa, portanto ainda há espaço para proventos extraordinários neste ano.

As projeções são diversas. A XP Investimentos acredita que há espaço para uma distribuição de dividendos extraordinários de US$ 4,5 bilhões com base no balanço do 3° trimestre de 2024. O montante pode subir até US$ 6 bilhões se considerado o fluxo de caixa até o final do ano.

Os analistas da XP fazem ainda referência ao orçamento do governo neste ano. "Em nossa opinião, a Petrobras precisaria pagar um dividendo extraordinário de cerca de US$ 3,5 bilhões em 2024 para atender às previsões de dividendos da empresa embutidas no orçamento", destacam.

Para os analistas do BTG Pactual, o Conselho de Administração da Petrobras deve acabar aprovando dividendos extraordinários de US$ 4 bilhões, equivalente a um dividend yield (retorno em dividendos) de 4%.

Os analistas do Santander, Eduardo Muniz e Rodrigo Almeida, esperam dividendos extraordinários entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões, assim como mudanças na estrutura de capital da companhia, com aumento no teto da dívida bruta e mais clareza sobre o caixa mínimo.

No Morgan Stanley, a expectativa é de que a petroleira pague US$ 3,5 bilhões em dividendos extraordinários tanto no 4° trimestre de 2024 quanto no 4° trimestre de 2025. A projeção é sustentada por um saldo de caixa excedente entre o 4° trimestre de 2024 e o 4° trimestre de 2026 de entre US$ 6 bilhões e US$ 10 bilhões. Além disso, o banco trabalha com estimativas de preço para o petróleo brent de US$ 73 o barril em 2025.

"A tese de investimento na Petrobras permanece centrada na remuneração dos acionistas, que para bem ou para mal, está diretamente ligada à alocação de capital", afirmam os analistas Bruno Montanari, Thiago Casqueiro e Carlos Moraes. Graças a essas possíveis distribuições de dividendos extraordinários, a Petrobras conquistaria um dividend yield de 21,2% em 2024 e 15,8% em 2025.

Ilan Arbetman, da Ativa, também enxerga espaço para pagamento de dividendos extraordinários em relação ao exercício de 2024, contudo acredita que as distribuições aconteçam só no primeiro trimestre de 2025. O valor por ação esperado seria de R$ 1,70.

No entanto, o analista lembra que há um valor de R$ 15,5 bilhões em reserva referentes ao resultado de 2023 que podem vir a ser pagos ainda em 2024 para contribuir com a jornada fiscal do governo.

Vale a pena comprar Petrobras?

Para boa parte dos analistas consultados, investir em Petrobras parece uma alternativa interessante para quem busca dividendos de dois dígitos nos próximos anos, por conta do panorama favorável para a geração de caixa da empresa e poucas mudanças no plano de negócios. Veja abaixo algumas projeções:

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