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Bolsonaro ignora ação da PF e posta vídeo antigo de incitação à sua morte

O ex-presidente Jair Bolsonaro  - 22.out.2024-Leco Viana/TheNews2/Estadão Conteúdo
O ex-presidente Jair Bolsonaro Imagem: 22.out.2024-Leco Viana/TheNews2/Estadão Conteúdo
do UOL

Do UOL, em São Paulo

20/11/2024 10h13Atualizada em 20/11/2024 10h51

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) publicou no X, na manhã desta quarta-feira (20), um vídeo de 2019 em que um youtuber de esquerda incita que ele seja assassinado. Foi a primeira manifestação de Bolsonaro após a operação da PF que prendeu quatro militares, ontem, por planejarem a morte do ministro do STF Alexandre de Moraes, do presidente Lula (PT) e do vice Geraldo Alckmin (PSB).

O que aconteceu

Bolsonaro resgatou um vídeo antigo em que um youtuber pede um plano para assassiná-lo. O ex-presidente não fez comentários na publicação no X e postou apenas o vídeo, que foi divulgado no dia 30 de julho de 2019 por Vinícius Guerreiro. Conhecido como Vina Guerreiro, ele incitou a esquerda a montar um plano para matar o então presidente e os três filhos mais velhos. "Esse cara tem que ser assassinado", disse.

A publicação de Bolsonaro foi feita pouco mais de 24 horas após a operação da PF. A investigação revelou ontem que militares ligados ao governo dele, inclusive um general da reserva que chegou a ser ministro interino, planejaram matar Lula, Alckmin e Moraes em dezembro de 2022. Uma operação para assassinar o ministro do STF chegou a ser colocada em prática e só foi desmobilizada de última hora, segundo a PF.

Bolsonaro mantém o silêncio sobre plano para matar Lula, Alckmin e Moraes. O ex-presidente não comentou sobre a prisão dos quatro militares. A trama, na avaliação dos investigadores, reforça as provas e os relatos obtidos pela PF sobre a participação do ex-presidente, de aliados e de militares nas discussões por um golpe que evitasse a posse de Lula.

Youtuber se disse arrependido

Guerreiro incitou o assassinato da família Bolsonaro. Ele conclamou a esquerda, sem se dirigir a ninguém em particular, a "comprar armamento" e matar Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ).

O vídeo de 2019 chegou a ser investigado pela PF. Dias após a publicação, o então ministro da Justiça e Segurança Pública, o atual senador Sergio Moro (União-PR), mandou abrir um inquérito contra Vina Guerreiro pelos crimes de incitação à violência e calúnia contra o Presidente da República, previstos na antiga Lei de Segurança Nacional — abolida pelo Congresso em 2021. O inquérito corre na Justiça Federal de São Paulo, mas o processo está sob sigilo.

Os supostos crimes de Guerreiro são diferentes dos que pesam contra os presos ontem. Moraes tomou a decisão contra os militares com base nos crimes de tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito e de de golpe de Estado, que foram incluídos no Código Penal em 2021 após a abolição da Lei de Segurança Nacional, que vigorava desde a ditadura militar. Ao comentar a operação ontem, Flávio Bolsonaro afirmou no Senado que "pensar em matar alguém não é crime".

"Estou com medo e arrependido", disse o youtuber em 2019 ao jornal O Estado de S. Paulo. "Foi um acesso que eu tive, um arroubo, eu cometi muito exagero ali", declarou o youtuber ao Estadão, duas semanas após o vídeo ter viralizado. "Eu não tenho nenhuma vontade disso, nem essa ideia de assassinar o presidente. Aquilo foi um grito mesmo de 'chega'. Eu não tenho vontade de fazer uma violência dessas."

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