Topo

PAC, uvas e toneladas de café: o que está em jogo nos acordos Brasil-China

Presidentes Lula e Xi Jinping assinam acordos entre Brasil e China, em encontro em Brasília Imagem: Evaristo Sá / AFP

Do UOL, em São Paulo

20/11/2024 16h55

O presidente Lula (PT) e o presidente chinês, Xi Jinping, assinaram 37 acordos bilaterais em encontro realizado no Palácio da Alvorada nesta quarta-feira (20). O acerto envolve diversos setores da economia, do agronegócio ao audiovisual. Entenda o que está em jogo nesses acordos:

PAC e Rota da Seda

Brasil não aderiu à Nova Rota da Seda. Como esperado, o Brasil não aderiu formalmente ao plano chinês da Nova Rota da Seda, por divergências internas. O programa chinês visa ampliar mercados para o país asiático. Mas o Brasil se preocupou em não se alinhar completamente ao programa, em um momento de aumento das tensões entre China e Estados Unidos, após a eleição de Donald Trump.

Relacionadas

País assinou tratados que ligam o projeto de expansão chinês ao PAC (Programa de Aceleração ao Crescimento). Há expectativas de investimento chinês em obras do Novo PAC.

Agronegócio

China abriu quatro mercados para produtos agropecuários brasileiros. A partir dos acordos firmados, uvas frescas, gergelim, sorgo e farinha de peixe, óleo de peixe e outros produtos derivados de pescado para alimentação animal poderão ser comercializados na China.

Potencial comercial é de US$ 450 milhões por ano. Mas, segundo o ministro da Agricultura Carlos Fávaro, há potencial para ultrapassar esta cifra, uma vez que a China importa quase US$ 7 bilhões nesses produtos todos os anos. "Se levarmos em conta outras variantes de mercado e o potencial brasileiro, podemos comercializar muito mais, ultrapassando a cifra de US$ 500 milhões por ano", disse.

Café

Acordo com a rede de cafeterias chinesa Luckin Coffee prevê exportação de toneladas de café. O compromisso prevê a compra de 240 mil toneladas de café do Brasil entre 2025 e 2029, por cerca de US$ 2,5 bilhões. O acordo envolveu a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Acordo anterior, firmado em junho deste ano, previa a compra de 120 mil toneladas de café brasileiro até o fim de 2024. O compromisso com a Luckin não integra a lista de 37 acordos firmados entre os governos de Brasil e China, mas foi fechado durante a visita dos chineses ao Brasil para o encontro do G20. A Luckin foi fundada em 2017 e tem 20 mil lojas.

Indústria e pequenas empresas

Outro acordo tem foco no desenvolvimento sustentável. Em uma carta de intenções, os países firmaram alguns compromissos, como a cooperação e o investimento em economia circular, a sustentabilidade do transporte e a geração de energia renovável, além de incentivos para que empresas dos países invistam em descarbonização e façam intercâmbio de tecnologias.

Acordo busca favorecer pequenas e médias empresas no comércio internacional. Outro memorando tem como objetivo estimular a participação dessas empresas no comércio internacional. Dentre os pontos acordados está a identificação de setores estratégicos e o mapeamento de empresas que possam aumentar e diversificar o comércio entre os dois países.

Tecnologia

Na área de ciência, um dos acordos é a tecnologia nuclear. Um memorando assinado foca na cooperação para aplicação de tecnologia nuclear na saúde e outros campos. O acordo pode beneficiar pesquisas relacionadas às áreas de medicina, agricultura, indústria, testes de materiais, destinação de rejeitos e meio ambiente.

Outros acordos preveem cooperação em inteligência artificial e indústria fotovoltaica. Os memorandos tratam também da criação de um programa focado em fonte de luz síncrotron (equipamento que gera radiação eletromagnética, como o Sirius, no Brasil) e de um laboratório para uso de inteligência artificial na agricultura familiar.

Houve ainda a assinatura de um memorando com a SpaceSail, concorrente de Elon Musk. A cooperação assinada com a Telebras prevê a realização de estudos sobre a demanda de internet em locais em que fibra óptica não chega, como áreas rurais, além de parcerias com foco em inclusão digital.

Audiovisual

Cooperação no audiovisual prevê intercâmbio de pessoal. Brasil e China assinaram um memorando de entendimento para cooperação no setor audiovisual e de novas mídias. O acordo foi firmado com o China Media Group. A cooperação bilateral engloba a possibilidade de colaboração na produção de obras audiovisuais, em projetos conjuntos, e na organização de eventos culturais. Prevê, ainda, o intercâmbio de pessoal e oportunidades de formação para profissionais dos dois países.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

PAC, uvas e toneladas de café: o que está em jogo nos acordos Brasil-China - BOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao BOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade

Notícias