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Foragido do 8/1 preso na Argentina já zombou de Moraes: 'Não me pega'

Condenado a 17 anos de prisão, Wellington Firmino já desafiou o STF: "Alexandre de Moraes, eu tô aqui. Lero-lero. Você não me pega" - Reprodução
Condenado a 17 anos de prisão, Wellington Firmino já desafiou o STF: "Alexandre de Moraes, eu tô aqui. Lero-lero. Você não me pega" Imagem: Reprodução
do UOL

Do UOL, em Brasília, e colunista do UOL, em Buenos Aires

19/11/2024 16h14

Um foragido condenado pelos ataques golpistas do 8 Janeiro que zombou do ministro Alexandre de Moraes (STF) e já recebeu apoio do bilionário Elon Musk é o terceiro fugitivo detido na Argentina nos últimos cinco dias.

O motoqueiro Wellington Firmino tentou ontem (18) atravessar a fronteira argentina com o Chile.

O juiz da 3ª Vara Federal da Capital Daniel Rafecas — que expediu ordens de prisão contra 61 foragidos que têm pedidos de extradição do STF — manteve hoje (19) a detenção do fugitivo em audiência de custódia.

"Minha ideia era fugir: tentar ir para outro país", afirmou Firmino em vídeo publicado após a prisão. Hoje, ele disse ao UOL que estava apenas tentando fazer uma viagem de turismo até o deserto do Atacama (Chile), que faz fronteira com o Peru.

Firmino está foragido na Argentina há seis meses e pediu refúgio político ao governo de Javier Milei. Ele disse que, no domingo (17), avisou ao Departamento de Migração que iria viajar para fora do país — uma das condições impostas a quem pede refúgio.

No final da manhã de hoje, Firmino permanecia detido em um posto de aduana em Paso de Jama, na Argentina, ao lado da fronteira com o Chile. O local fica a cerca de 1.500 km de Córdoba, onde Firmino mora.

Um militante bolsonarista — que está foragido na Argentina e pediu para não ser identificado — disse ao UOL que o caminho pelo Atacama é uma rota de fuga para o Peru. De lá, a intenção dos fugitivos é seguir para os Estados Unidos.

"Lero-lero. Você não me pega"

Em outubro, Firmino gravou um vídeo em frente à Força Aérea Argentina, em Córdoba, a 500 km de Buenos Aires, no qual desdenhou da Justiça brasileira e da ordem para extraditá-lo, que consta em sua ação penal.

No vídeo que ele enviou ao UOL, o motociclista canta: "Alexandre de Moraes, eu tô aqui. Lero-lero. Você não me pega".

As imagens repercutiram mal entre outros foragidos. Um deles afirmou que os vídeos de Firmino poderiam fazer a Justiça ser "mais dura" com eles ao final do processo. "Não temos que brincar", comentou um dos fugitivos, sob reserva.

Em vídeo publicado após a prisão, o foragido voltou a criticar Moraes. "Temos um ministro no Supremo que, claramente, é um cara partidário. Ele leva às causas pessoais para ele. E é isso. Aqui hoje tem pessoas velhas, pessoas novas, pessoas que não cometeram nenhum crime e estão presas injustamente."

Em março, Firmino foi condenado a 17 anos de prisão. Ele negou ao UOL todos os crimes.

Musk já apoiou motoqueiro

Em fevereiro, Elon Musk, dono do X, comentou uma foto de Firmino ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) postada na rede social.

Na ocasião, o bilionário afirmou que achava exagerada a condenação do motoboy a 17 anos de prisão.

Mais de 180 brasileiros pediram refúgio na Argentina

Até o final de setembro, 181 pedidos de refúgio de brasileiros foram solicitados à Conare (Comissão Nacional de Refugiados). O órgão, que está submetido ao gabinete do governo de Javier Milei, recebeu em 2023 apenas três pedidos de refúgio de brasileiros.

Os foragidos que solicitaram refúgio político receberam um documento que permite que tenham status de refugiados até a deliberação da Conare. Eles podem trabalhar e alugar casas no país vizinho.

No entanto, desde que Milei alterou a lei de refúgio no país, a situação jurídica dos solicitantes de refúgio pode ser impactada.

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