Após 1.000 dias da invasão russa, Ucrânia vislumbra fim da guerra no ano que vem
Por Tom Balmforth
KIEV (Reuters) - A Ucrânia chegou aos 1.000 dias desde que foi invadida pela Rússia, em larga escala, com suas tropas exaustas, batalhando em numerosos fronts, e com Kiev sitiada por ataques frequentes de mísseis e drones.
Além disso, o país precisa lidar com o retorno de Donald Trump à Casa Branca, em janeiro. Em uma boa notícia para o país em dificuldades, o atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deu sinal verde para o uso de mísseis norte-americanos contra alvos muito além da fronteira da Rússia, o que tem o potencial de limitar as opções de Moscou para lançar ataques e abastecer a linha de frente.
A mudança dramática na política dos EUA, contudo, pode ser revertida quando Trump retornar à Casa Branca em janeiro. Especialistas militares alertaram que, por si só, essa medida não será suficiente para mudar o curso da guerra, que já dura 33 meses.
Milhares de cidadãos ucranianos morreram, mais de 6 milhões vivem como refugiados no exterior, e a população do país caiu em um quarto desde que o líder do Kremlin, Vladimir Putin, ordenou a invasão por terra, mar e ar, iniciando o maior conflito da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
As perdas militares foram catastróficas, embora permaneçam como segredos bem guardados. Estimativas públicas ocidentais baseadas em relatórios de inteligência variam muito, mas a maioria aponta que centenas de milhares foram mortos ou feridos em ambos os lados.
O retorno de Trump, que prometeu encerrar a guerra rapidamente -- sem especificar como --, levanta dúvidas sobre o futuro do auxílio militar dos EUA e da frente ocidental unida contra Putin, mas traz à tona a possibilidade de negociações para encerrar o conflito.
Com a Ucrânia entrando em território desconhecido, um clima de escalada é perceptível, à medida que Moscou e Kiev buscam melhorar suas posições no campo de batalha antes de qualquer negociação.
Já impulsionada por drones de ataque iranianos e projéteis de artilharia e mísseis balísticos norte-coreanos, a Rússia agora adicionou 11 mil soldados norte-coreanos ao front, alguns dos quais, segundo Kiev, já enfrentaram forças ucranianas que capturaram uma parte da região russa de Kursk.
Um alto funcionário de Kiev afirmou que Pyongyang tem capacidade de enviar até 100 mil soldados.
Enquanto isso, a Ucrânia está usando algumas de suas melhores tropas para manter esse pequeno pedaço de território russo capturado em agosto como moeda de troca.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy disse na semana passada que a Ucrânia deve fazer o possível para encerrar a guerra no próximo ano por meios diplomáticos. No entanto, ele rejeitou enfaticamente qualquer discussão sobre um cessar-fogo antes de garantias de segurança adequadas serem fornecidas à Ucrânia.
O Kremlin afirmou que seus objetivos de guerra permanecem inalterados desde que Putin declarou em junho que a Ucrânia deve abandonar suas ambições de se juntar à Otan e recuar de quatro regiões ucranianas que suas forças controlam parcialmente -- demandas equivalentes à capitulação para Kiev.
(Reportagem de Tom Balmforth)