Rússia lança centenas de drones e mísseis contra alvos em toda a Ucrânia
A Ucrânia sofreu na noite de sábado para domingo (17) o maior ataque aéreo de drones e mísseis lançados pela Rússia desde o mês de agosto. Entre os alvos visados estavam várias centrais elétricas ucranianas, o que provocou cortes de eletricidade na capital, Kiev, em Zaporíjia, Odessa e Mykolaiv, no sul, mas também em Tcherniguiv, na região norte do território. Em todo o país, os ataques russos deixaram ao menos oito mortos e cerca de 20 feridos.
O presidente Volodymyr Zelensky publicou no X que "os terroristas russos utilizaram vários tipos de drones, incluindo Shaheds (fabricação iraniana], bem como mísseis de cruzeiro, balísticos e aerobalísticos - Zircons, Iskanders e Kinzhals". No total, foram lançados cerca de 120 mísseis e 90 drones. "As nossas forças de defesa aérea destruíram mais de 140 alvos aéreos", afirmou o líder ucraniano.
Segundo Zelensky, "o alvo do inimigo eram as infraestruturas energéticas em toda a Ucrânia", já bastante comprometidas após quase três anos de guerra. A Rússia ataca frequentemente as centrais ucranianas para prejudicar a já reduzida atividade industrial no país e abalar o moral da população, que enfrenta temperaturas baixas no outono sem garantias de eletricidade e aquecimento doméstico no inverno. Parte dos danos às instalações decorrem de destroços dos drones e mísseis abatidos pela defesa antiaérea.
A operadora de energia ucraniana, DTEK, indicou que algumas de suas centrais térmicas foram "gravemente danificadas", sem deixar vítimas entre os seus funcionários.
Dois funcionários da empresa ferroviária estatal morreram em decorrência do bombardeio de um depósito em Nikopol (sul) e três ficaram feridos, anunciou a empresa.
De acordo com balanços divulgados por autoridades locais, uma mulher morreu e duas pessoas ficaram feridas na queda de um míssil na região de Lviv (oeste). Odessa registra duas mortes e um adolescente de 17 ferido, segundo o governador Oleg Kiper. A explosão de um drone matou duas pessoas e feriu outras seis, incluindo duas crianças, na cidade de Mykolaiv, no sul. Duas outras pessoas ficaram feridas na capital Kiev, num ataque a um edifício residencial, segundo o Ministério do Interior. Várias pessoas também ficaram feridas em ataques separados em Dnipro (leste), bem como nas regiões de Poltava (centro), Zaporíjia e Kherson (sul).
Polônia envia caças à fronteira
Os ataques russos em áreas do oeste da Ucrânia fizeram com que a Polônia e aliados, membros da OTAN, enviassem aviões de caça à fronteira dos dois países. Desta vez, mísseis e drones russos chegaram até uma região raramente visada e distante do front: a Transcarpátia, no extremo oeste da Ucrânia, próxima das fronteiras com a Polônia e a Hungria.
Na avaliação do ministro ucraniano das Relações Exteriores, Andrii Sybiha, os bombardeios de domingo "foram um dos maiores ataques aéreos" contra as infraestruturas ucranianas desde o início da guerra", afirmou o chanceler no X.
Moscou intensifica sua ofensiva no momento em que o Exército ucraniano enfrenta dificuldades para resistir ao avanço das tropas russas nas regiões ocupadas no leste e teme perder o apoio dos Estados Unidos com o retorno de Donald Trump à Casa Branca. Kiev tem pedido aos seus parceiros ocidentais para que ajudem a reconstruir a sua rede eléctrica, mas este projeto que requer investimento elevado.
Na sexta-feira (15), Zelensky criticou a conversa de uma hora que o chanceler alemão, Olaf Schoz, manteve por telefone com Vladimir Putin. No primeiro contato entre os dois dirigentes em quase dois anos, Scholz pediu à Rússia que mostrasse sua "vontade de iniciar negociações com a Ucrânia com vistas a uma paz justa e duradoura" e sublinhou "o compromisso inabalável da União Europeia com a Ucrânia", de acordo com um comunicado do governo alemão.
Diante dos bombardeios russos nas últimas horas, o ministro ucraniano das Relações Exteriores disse que esta era a "verdadeira resposta" de Putin aos líderes que "telefonaram ou visitaram" o Kremlin nos últimos tempos.