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Macron vai a Buenos Aires tentar convencer Milei sobre prioridades do G20

O presidente francês Emmanuel Macron acena ao lado do presidente argentino Javier Milei na sacada do palácio do governo Casa Rosada após uma reunião em Buenos Aires em 17 de novembro de 2024 - JUAN MABROMATA/AFP
O presidente francês Emmanuel Macron acena ao lado do presidente argentino Javier Milei na sacada do palácio do governo Casa Rosada após uma reunião em Buenos Aires em 17 de novembro de 2024 Imagem: JUAN MABROMATA/AFP

17/11/2024 12h05Atualizada em 17/11/2024 14h20

Emmanuel Macron se reuniu neste domingo (17) em Buenos Aires com o presidente argentino, Javier Milei, com o duplo objetivo de "defender" os agricultores franceses mobilizados contra o acordo comercial com o Mercosul e de convencer o ultraliberal a não agir sozinho em questões climáticas.

Após uma homenagem simbólica às vítimas da ditadura militar argentina (1976-1983), especialmente as francesas, Macron visitou a Casa Rosada, sede da presidência argentina, onde foi recebido por Milei, que é acusado de revisionismo por seus críticos em relação a este sombrio período da história do país sul-americano.

Macron chegou à Argentina no sábado e ambos os líderes se reencontrarão na cúpula do G20 no Rio de Janeiro, na segunda e terça-feira.

"Vamos falar sobre nossos interesses comerciais, sobre nosso comércio, sobre a defesa da nossa agricultura e dos nossos agricultores", disse o presidente francês no TikTok, a bordo do avião que o levava a Buenos Aires.

Na França, agricultores e políticos temem que um possível tratado de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul aumente a disponibilidade de carne latino-americana na Europa e provoque a concorrência desleal de produtos que não estão sujeitos às rigorosas normas ambientais e sanitárias vigentes na Europa.

Em Buenos Aires e no Rio, Macron se fará porta-voz desse rejeição, embora seja sobretudo aos outros europeus, especialmente Alemanha e Espanha, favoráveis à assinatura do tratado.

Também insistirá que Paris rejeita o texto do acordo e exigirá que sejam incluídas disposições para o respeito às normas de fiscalização, bem como ao Acordo de Paris sobre o clima.

Milei, cético em relação ao aquecimento global, retirou na quarta-feira a delegação de seu país da conferência sobre mudanças climáticas da ONU (COP29) em Baku e especula-se sobre sua possível saída do Acordo Climático de Paris, algo que Trump fez durante seu primeiro mandato (2017-2021).

O Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa, espera, portanto, conseguir "conectar o presidente Milei às prioridades do G20".

Paris também pretende aprofundar as relações econômicas com a Argentina, especialmente no setor de metais críticos, já que o grupo minerador Eramet acaba de inaugurar uma mina de lítio no país sul-americano.

Macron também tentará avançar na possível venda dos submarinos franceses Scorpène, embora a Presidência francesa relativize o estado dessas negociações.

"Não os esqueceremos"

O presidente francês Emmanuel Macron e sua esposa, Brigitte Macron, participam de uma cerimônia de deposição de coroas de flores em homenagem às vítimas da ditadura argentina na Igreja de Santa Cruz, em Buenos Aires, em 17 de novembro de 2024 - LUDOVIC MARIN/AFP - LUDOVIC MARIN/AFP
Presidente francês Emmanuel Macron e sua esposa, Brigitte Macron, participam de uma cerimônia em homenagem às vítimas da ditadura argentina na Igreja de Santa Cruz, em Buenos Aires
Imagem: LUDOVIC MARIN/AFP

Antes da reunião na Casa Rosada, Macron e sua esposa Brigitte prestaram homenagem aos quase 20 franceses desaparecidos e assassinados durante a ditadura argentina na Igreja da Santa Cruz, hoje um memorial da resistência.

"Não os esqueceremos", disse Macron a familiares das vítimas, que conversaram com o presidente, contaram suas histórias e agradeceram por sua visita à igreja.

Em dezembro de 1977, 12 pessoas, incluindo várias fundadoras das Mães da Praça de Maio e as freiras francesas Léonie Duquet e Alice Domon, foram sequestradas, torturadas, assassinadas e jogadas ao mar após se reunirem nesta igreja.

Milei e sua vice-presidente, Victoria Villarruel, defendem a teoria de que aquele episódio da história argentina foi uma guerra na qual ambas as partes tiveram igual responsabilidade e relativizam o número de desaparecidos, que estimam em menos de 9.000, em vez dos 30.000 de consenso até agora, segundo organizações de direitos humanos.

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