Antes da posse de Trump, EUA autorizam Ucrânia a usar armas americanas de longo alcance na Rússia
O presidente americano, Joe Biden, suspendeu as restrições que até agora impediam a Ucrânia de usar armas fornecidas pelos Estados Unidos para atacar o território russo com maior profundidade. Kiev planeja realizar os seus primeiros disparos de longo alcance nos próximos dias, acrescentaram fontes a par da decisão a agências internacionais e aos jornais The New York Times e The Washington Post.
O presidente americano, Joe Biden, suspendeu as restrições que até agora impediam a Ucrânia de usar armas fornecidas pelos Estados Unidos para atacar o território russo com maior profundidade. Kiev planeja realizar os seus primeiros disparos de longo alcance nos próximos dias, acrescentaram fontes a par da decisão a agências internacionais e aos jornais The New York Times e The Washington Post.
A Ucrânia não revelou detalhes para não abalar a segurança da operação. Os mísseis devem inicialmente ser usados ??na região fronteiriça russa de Kursk, onde soldados norte-coreanos foram destacados para apoiar as tropas russas, segundo o New York Times, que cita autoridades norte-americanas que falaram sob condição de anonimato. A Casa Branca não comentou as informações.
A Rússia, por sua vez, disse várias vezes no passado que consideraria qualquer decisão americana neste sentido como uma "grande escalada" no conflito. O presidente russo, Vladimir Putin, alertou que tal decisão significaria que "os países da OTAN estão em guerra com a Rússia".
A decisão tomada por Joe Biden pouco mais de dois meses antes de seu sucessor, Donald Trump, tomar posse em 20 de janeiro, responde a um pedido de longa data do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que queria poder usar armas americanas para atacar alvos militares distantes da fronteira, em particular as bases aéreas utilizadas pela Rússia para bombardear a Ucrânia.
A mudança política de Washington acontece no momento em que Moscou realiza outro ataque massivo de mísseis contra a rede energética da Ucrânia, neste domingo (17). Também ocorre após o envio de tropas norte-coreanas para a região russa de Kursk, para lutar contra o exército ucraniano, uma situação que causou preocupação em Washington e Kiev.
Impacto incerto sobre o curso da guerra
Os primeiros ataques profundos provavelmente serão realizados com mísseis ATACMS, que têm alcance de até 306 quilômetros, segundo as fontes. Algumas autoridades dos EUA expressaram ceticismo quanto ao fato de a autorização de ataques de longo alcance poder alterar a trajetória geral da guerra, a medida poderia ajudar a Ucrânia, em um momento em que as forças russas ganham terreno.
A mudança também poderia colocar Kiev numa melhor posição de negociação para um eventual cessar-fogo.
Donald Trump poderia rever a decisão de Joe Biden quando tomar posse. O presidente eleito é muito crítico em relação à escala da ajuda financeira e militar americana à Ucrânia e está empenhado em acabar com a guerra "em 24 horas", mas não explicou como.A medida conta com o apoio de alguns republicanos no Congresso, que há muito pedem para Biden levantar as restrições impostas à Ucrânia.
Na perspectiva da volta de Trump, a Ucrânia teme um enfraquecimento do apoio americano no momento em que as suas tropas estão em dificuldades no front, ou que seja imposto a Kiev um acordo envolvendo amplas concessões territoriais à Rússia.
Ataques levam Ucrânia a restringir energia
Após uma série de violentos ataques russos que danificaram severamente as suas infraestruturas energéticas, a Ucrânia aplicará, a partir desta segunda-feira(18), restrições emergenciais ao consumo de energia. Os bombardeios deixaram ao menos nove mortos e cerca de 20 feridos.
Zelensky informou que a Rússia lançou 120 mísseis e 90 drones. "Foi uma noite e infernal", declarou o porta-voz da Força Aérea ucraniana, Yuri Ignat, acrescentando que 144 drones ou projéteis russos foram interceptados.
O chefe da diplomacia ucraniana, Andrii Sibiga, classificou o ataque como "um dos maiores" executados por Moscou desde o início da invasão, em fevereiro de 2022.
Na segunda-feira, "todas as regiões serão obrigadas a aplicar medidas de restrição ao consumo", devido aos "danos causados às instalações elétricas", indicou o Ministério de Energia.
O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que atingiu todos os alvos em um enorme ataque contra "infraestruturas de energia essenciais de apoio ao complexo militar-industrial ucraniano". A Rússia destruiu metade da capacidade energética da Ucrânia com os ataques de drones e mísseis em quase três anos de ofensiva, segundo Kiev.A operadora de energia ucraniana, DTEK, relatou "danos graves" em algumas centrais termelétricas. A DTEK afirmou que este é o oitavo grande ataque contra suas centrais de energia desde o início do ano.
Europeus reafirmam apoio a KIev
A Polônia, que integra a Otan e faz fronteira com a Ucrânia, anunciou neste domingo que mobilizou caças e "todas as forças e recursos disponíveis" para proteger seu território durante o ataque noturno russo à Ucrânia.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que a Ucrânia "pode contar" com o apoio do bloco, após os "horríveis" ataques com mísseis da Rússia.
"Vimos os horríveis, horríveis ataques desta noite da Rússia contra a Ucrânia, destruindo infraestrutura energética civil e custando um número incrível de vidas humanas", disse Von der Leyen em entrevista à TV Globo no Rio de Janeiro, onde a cúpula do G20 será realizada entre segunda (18) e terça-feira (19). "Apoiaremos a Ucrânia pelo tempo que for necessário. (...) A Ucrânia pode contar conosco", acrescentou.
Também no Rio, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que os ataques eram "inaceitáveis". Já o presidente da França, Emmanuel Macron, ressaltou que Vladimir Putin "não quer a paz" com Kiev e "não está disposto a negociá-la"."Acho que está claro que as intenções do presidente Putin são intensificar seu combate", declarou Macron durante uma visita a Buenos Aires, antes de seguir para a cúpula do G20. Neste contexto, "devemos manter os nossos compromissos com os ucranianos, ou seja, permitir-lhes travar esta guerra de resistência, entregar armas, equipamento", continuou Macron.
Questionado sobre a iniciativa do chanceler alemão Olaf Scholz, que teve uma conversa telefônica com Putin na sexta-feira - provocando a ira de Kiev -, Macron respondeu que "não estava aqui para comentar". "Acho que todo líder é totalmente livre para tomar iniciativas", disse.
O presidente francês comentou que ele próprio "nunca descartou" retomar o diálogo com o Kremlin, mas o fará"quando o contexto e as condições forem adequados".
Com informações da Reuters e AFP