Scholz insta Putin a negociar com a Ucrânia
O chefe de governo alemão, Olaf Scholz, manteve, nesta sexta-feira (15), sua primeira conversa telefônica com Vladimir Putin em quase dois anos, durante a qual instou o presidente russo a retirar suas tropas da Ucrânia e a negociar com Kiev.
Putin reafirmou que qualquer acordo deverá refletir as "novas realidades territoriais", segundo o Kremlin, que qualificou o diálogo como "franco e detalhado".
Durante a conversa, Scholz pediu à Rússia que mostrasse sua "vontade de iniciar negociações com a Ucrânia com vistas a uma paz justa e duradoura" e sublinhou "o compromisso inabalável da UE com a Ucrânia", de acordo com um comunicado do governo alemão.
O dirigente alemão também reiterou "a determinação de Berlim em apoiar a Ucrânia durante o tempo que for necessário em sua luta defensiva contra a agressão russa".
A Rússia repete regularmente que está aberta a negociações de paz, mas com "concessões" de Kiev, principalmente a cessão dos territórios ucranianos que Moscou anexou em 2022, embora não os controle totalmente.
Esta foi a primeira ligação entre Scholz e Putin desde dezembro de 2022, cerca de nove meses após o início da ofensiva russa na Ucrânia.
Após a conversa, o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, indicou que o dirigente alemão o atualizou sobre o conteúdo da chamada. "Fiquei contente ao ouvir que [Scholz] não só condenou inequivocamente a agressão russa, mas também reiterou a posição da Polônia: nada sobre a Ucrânia sem a Ucrânia", escreveu no X (antigo Twitter).
A Ucrânia criticou a chamada, vendo nela uma tentativa de apaziguamento.
"As conversas com o ditador russo não acrescentam, por si mesmas, nenhum valor agregado para alcançar uma paz justa", declarou o porta-voz da diplomacia ucraniana, Gueorgui Tiji.
Desde o início da invasão russa, a Alemanha - histórica parceira energética da Rússia - tem sido o segundo maior fornecedor de ajuda militar para Kiev, depois dos Estados Unidos.
No entanto, nos últimos meses, Scholz se recusou, apesar dos repetidos pedidos do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, a fornecer mísseis de longo alcance Taurus para Kiev, por temer uma escalada com Moscou, e rejeitou o pedido da Ucrânia para se integrar à Otan.
Essas tensões, exacerbadas pelas dificuldades da Ucrânia no front diante do avanço do exército russo no leste, ocorrem em um contexto geopolítico mundial incerto desde a vitória de Donald Trump nas eleições americanas.
O presidente eleito afirmou, nos últimos meses, que poderia resolver o conflito ucraniano "em vinte e quatro horas", sem detalhar seu plano. A volta do republicano à Casa Branca faz com que os ucranianos temam pelo fim do apoio dos Estados Unidos.
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