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'Não tenho ídolos, vou em todos': ele é 'carrapato' de velórios de famosos

Antônio da Paz, 67, vai a velórios em São Paulo e no Rio desde 1994, quando Ayrton Senna morreu  - Pietra Carvalho/UOL
Antônio da Paz, 67, vai a velórios em São Paulo e no Rio desde 1994, quando Ayrton Senna morreu Imagem: Pietra Carvalho/UOL
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Do UOL, em São Paulo

15/11/2024 05h30

No velório de Agnaldo Rayol, na Assembleia Legislativa de São Paulo, um fã roubou a cena, carregando um cartaz com várias fotos do cantor.

Mas os jornalistas que costumam acompanhar as despedidas feitas na Casa já sabem que o dono da homenagem é figurinha carimbada no local —e ele mesmo conta: vai a todos os velórios de famosos que consegue desde 1994.

Antônio da Paz, 67, nasceu na Bahia, mas mora na Vila Luzita, em Santo André (SP), há 30 anos. Seu primeiro velório? O de Ayrton Senna, que também foi velado na Alesp, por onde passaram mais de 250 mil pessoas, em maio de 1994, após um acidente durante o GP de San Marino, na Itália.

O UOL conversou com Antônio na despedida de Agnaldo, com um público bem mais modesto que o do piloto. À reportagem, ele afirmou que vai aos velórios para honrar a memória dos famosos que se foram.

(Na época do Senna) Eu era rapaz ainda e estou até agora, sempre, em todos os velórios, do Rio de Janeiro para cá. Meu desejo é honrar e dar meus agradecimentos, porque eles transmitiram alegria pra gente, para o nosso país, por isso que eu vou.
Antônio da Paz

Do momento em que uma morte é anunciada até o início da despedida, o baiano tem algumas horas para preparar seu ritual de sempre: o cartaz personalizado, a camisa estampada com bandeiras do Brasil e o trajeto até o lugar em que o velório vai acontecer.

"Eu compro cartolina ou tenho alguma guardada e, quando aparece a notícia, se for de noite, ligo para o meu cunhado, que tem impressora, e ele imprime as fotos enquanto já vou escrevendo. Trago tudo na mão."

antonio velorios - Eduardo Martins / Brazil News - Eduardo Martins / Brazil News
Antônio presta homenagem a Chrystian no velório do cantor
Imagem: Eduardo Martins / Brazil News

Na Alesp, apenas nos últimos meses, ele também acompanhou o "adeus" a Maguila e Nahim —e chegou a ajudar a carregar o caixão do último, segundo ele.

"Lá no ABC (perto de onde ele mora) eu também estive no do Chrystian (da dupla com o irmão, Ralf). Fico sempre na televisão e no rádio, porque a notícia corre rapidinho. Aí eu pego e já começo a fazer as minhas coisas para poder vir", explica Antônio, ao comentar como ele fica sabendo de detalhes da cerimônia.

'Não tenho preferência'

Ao ser questionado se já esteve na despedida de algum ídolo pessoal, o homem afirma que admirava Pelé, mas que costuma tratar todos os famosos da mesma forma.

"Eu não tenho preferência, em todos os velórios eu apareço, seja em São Paulo ou no Rio de Janeiro. Agora, estou com 67 anos, tem dois anos só que estou aposentado, mas eu ia mesmo quando trabalhava e tinha menos tempo."

Quando o assunto é o velório mais marcante, ele confessa que alguns se destacam, para o bem e para o mal.

Velório de Nahim em São Paulo - Van Campos/Agnews - Van Campos/Agnews
Velório de Nahim em São Paulo
Imagem: Van Campos/Agnews

"O do Pelé, em Santos, foi marcante, porque fiquei dois dias correndo (atrás da despedida). Voltei de carona com uma moça, três horas para voltar. Além do Gugu, que foi aqui na Alesp. Também veio muita gente, a fila dobrava", lembra.

Já as despedidas de Nahim —de quem Antônio era fã— e do boxeador Maguila, foram um pouco melancólicas, segundo as reflexões do baiano.

Eu fico meio chocado, meio triste, porque às vezes o cara tinha aquele grande sucesso e depois não tem mais, como o Nahim mesmo. Eu fiquei até a noite, a mulher dele foi descansar, e só ficamos eu e mais duas pessoas. Isso é muito marcante, um cara de nome, que trabalhou na TV muitos anos, e depois fica anônimo. O do Maguila também, só tinha ele, a esposa dele e pouca gente, mas a gente está constante, até o final, independentemente de quem for e independentemente de ter alguém ou não.
Antônio da Paz

Antônio ainda afirma que nunca teve um momento de medo ou incômodo que o fizesse pensar em desistir de ir às cerimônias.

"Não tenho medo porque nós aqui na Terra somos passageiros, temos de passar por isso. Os famosos passaram uma mensagem para nós. O Ayrton Senna passou uma mensagem, o Pelé passou uma mensagem. E esse aqui (Agnaldo) foi um que passou uma mensagem de alegria e de carinho para o público. A gente tem aquela simpatia, por isso que a gente vem."

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