Jornal francês revela atuação de agentes do Azerbaijão para eliminar opositores no exterior
Enquanto o Azerbaijão sedia a Conferência do Clima da ONU, o jornal francês Libération desta sexta-feira (15) publica uma investigação sobre os agentes do governo do país à caça de opositores pela Europa. O último alvo na França foi um ex-procurador azerbaijano refugiado em Mulhouse, morto a facadas no fim de setembro.
Enquanto o Azerbaijão sedia a Conferência do Clima da ONU, o jornal francês Libération desta sexta-feira (15) publica uma investigação sobre os agentes do governo do país à caça de opositores pela Europa. O último alvo na França foi um ex-procurador azerbaijano refugiado em Mulhouse, morto a facadas no fim de setembro.
O crime ainda não foi elucidado pela polícia. Seu irmão, também refugiado, conseguiu escapar e descreveu um ataque "direto no coração" feito por três homens encapuzados, que invadiram o apartamento onde os dois moravam, relata o Libération. O crime ocorreu após uma série de telefonemas anônimos com ameaças de morte a Vidadi Isgandarli, que propagava aos seus mais de 50 mil seguidores no Youtube acusações contra o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev, e sua família.
A França recebe de braços abertos os demandantes de asilo vindos do país que evocam perseguição política ou étnica. Paris é aliada da Armênia no conflito de décadas que opõe os dois Estados - e as relações se degradaram depois da ofensiva-relâmpago promovida por Baku na região de Nagorno Karabakh, em 2023. Em represália a comentários do líder azerbaijano contra o francês Emmanuel Macron, a França decidiu boicotar a COP29, que acontece atualmente em Baku.
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Falhas na proteção de refugiados
Apesar de acolher refugiados, entretanto, Paris não dá conta de oferecer proteção policial a todos, indica o Libération. Isgandarli havia pedido ajuda depois de ser espancado em plena rua uma noite, mas não foi levado a sério pelas autoridades francesas, alega seu irmão.
Outro influente youtuber azerbaijano, Mahammad Mirzali, teve outro destino: ele sobreviveu a duas violentas tentativas de assassinato na França, em 2021, e desde então "é uma das pessoas mais protegidas do país". "Ele não dá um passo sem uma impressionante escolta policial", afirma o jornal, que dedica a capa e quatro páginas da edição desta sexta-feira (15) a reportagens sobre o assunto.
O diário entrevista Ramazan Y., ex-agente secreto azerbaijano atualmente detido em uma penitenciária francesa. Desde a prisão, ele colabora com os investigadores do país para identificar potenciais assassinos de aluguel com atuação na França ou na Europa.