Estupros coletivos na França: Justiça começa a ouvir os sete últimos acusados em Mazan
Após passar um dia internado, Dominique Pelicot, principal réu no julgamento de estupros cometidos contra a esposa, Gisèle Pelicot, em Mazan, regressou nesta sexta-feira (15) ao tribunal criminal de Vaucluse. A data marca o início da análise da participação dos últimos sete dos 51 acusados neste caso sem precedentes, que chocou a França.
Sentado numa poltrona azul, em uma caixa de vidro separada da dos outros detidos, o septuagenário, de colete cinza e camisa branca, pernas cruzadas, parecia distante e ausente, como que desinteressado no desenrolar dos debates.
Após a apresentação de um último perito psiquiátrico, para traçar um retrato de Charly A., de 30 anos, o tribunal começou a estudar concretamente os fatos relativos aos sete acusados da semana.
Charly A é um dos quatro réus que foi seis vezes à casa do casal Pelicot, em Mazan (Vaucluse), a convite de Dominique Pelicot, que recrutou assim dezenas de homens para irem estuprar a agora ex-esposa Gisèle, depois que ele a drogava com ansiolíticos.
Segundo o presidente do tribunal, Roger Arata, o exame dos fatos relativos a estes sete homens, com idades entre 30 e 69 anos, deve se estender até segunda-feira (18).
Filhos devem depor na semana que vem
A tarde de segunda-feira deverá então ser dedicada à audição dos dois filhos do casal Pelicot, David e Florian, os únicos dois membros da família que ainda não foram ouvidos pelo tribunal, em Avignon.
A irmã deles, Caroline, e as duas cunhadas foram ouvidas na primeira semana deste julgamento, que começou em 2 de setembro.
Após a tarde de segunda-feira, que deverá ser a última dedicada aos debates sobre os fatos, este julgamento, simbólico para a questão da violência contra as mulheres e da submissão química, entrará em uma nova fase: a das alegações finais.
Na terça-feira, começam as falas dos advogados das partes civis, ou seja, de Gisèle Pelicot, de seus filhos e de seus netos.
Depois, segundo o calendário oficial do julgamento, deverá haver a acusação do procurador-geral na quarta e quinta-feiras, antes do início das alegações da defesa, na sexta-feira, que deverá então estender-se por três semanas.
Após dar a palavra aos acusados uma última vez, o tribunal criminal de Vaucluse, composto exclusivamente por magistrados profissionais, vai se retirar para então deliberar, com o veredito previsto para, no máximo, 20 de dezembro.
(Com AFP)