Em ligação para Putin, Scholz insiste com presidente russo pela retirada de tropas da Ucrânia
O chanceler alemão, Olaf Scholz, teve uma conversa telefônica nesta sexta-feira (15) com Vladimir Putin, a primeira em quase dois anos, durante a qual pediu ao presidente russo para retirar as suas tropas da Ucrânia e a negociar com Kiev.
Vladimir Putin reafirmou que qualquer acordo par pôr fim à guerra deve refletir "novas realidades territoriais", de acordo com o Kremlin, que descreveu a conversa com Scholz como "franca e detalhada".
Durante este intercâmbio que durou uma hora, segundo Berlim, o chanceler pediu à Rússia que demonstrasse "disponibilidade para iniciar negociações com a Ucrânia com vistas a uma paz justa e duradoura" e sublinhou o "compromisso inabalável da União Europeia (UE) com a Ucrânia", segundo uma declaração do governo alemão.
A chancelaria especifica que Olaf Scholz já havia conversado com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e que "o fará após a reunião com o presidente russo".
O chanceler alemão também reiterou a Vladimir Putin "a determinação da Alemanha em apoiar a Ucrânia durante o tempo que for necessário na sua luta defensiva contra a agressão russa".
A última conversa entre os líderes alemão e russo havia sido em 2 de dezembro de 2022, cerca de 9 meses após o início da ofensiva das tropas de Moscou na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022.
Desde a invasão russa, a Alemanha, parceiro energético histórico da Rússia, é o segundo maior fornecedor de ajuda militar a Kiev, depois dos Estados Unidos.
Porém, nos últimos meses, apesar dos repetidos pedidos de Volodymyr Zelensky, temendo uma escalada com Moscou, o chanceler Scholz se recusou a fornecer a Kiev mísseis Taurus de longo alcance - que Kiev considera eficazes para uma melhor defesa contra ataques de mísseis e drones russos.
Esta recusa, tal como a rejeição de Scholz ao pedido de Kiev de um convite para entrar na Otan, prejudicou a imagem do líder alemão na Ucrânia.
Estas tensões são agravadas pelas dificuldades dos combatentes ucranianos face a um Exército russo mais poderoso que avança no Donbass (leste), e pelo contexto geopolítico global incerto, desde a eleição de Donald Trump para a Casa Branca.
O futuro presidente americano prometeu resolver o conflito ucraniano "em vinte e quatro horas", sem nunca detalhar o seu plano. A vitória de Trump nas urnas fez com que os ucranianos temessem que o apoio americano ao seu país diminuísse.
Já Scholz apelou a esforços redobrados para pôr fim ao conflito através da diplomacia, conversando especialmente com Vladimir Putin, consultando Kiev e os aliados deste país.
Estas discussões devem respeitar "princípios claros", sublinhou Scholz.
Putin isolado
Vários líderes ocidentais, como Joe Biden e Emmanuel Macron, com a notável excepção do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, se recusam a falar com o presidente russo Vladimir Putin. Em novembro, o presidente russo lamentou que os líderes ocidentais tivessem "parado" de telefonar para ele.
A Rússia repete regularmente que está aberta a negociações de paz, mas com "concessões" de Kiev: a cessão dos territórios ucranianos que Moscou anexou em 2022 sem os controlar totalmente. Uma condição atualmente considerada impensável na Ucrânia.
O conflito com a Rússia já levou mais de um milhão de refugiados ucranianos a procurar refúgio na Alemanha, e milhares de russos também vivem em Berlim, tornando-a a capital informal dos exilados russos.
(Com AFP)