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Justiça condena Voepass e Latam a pagar pensão a viúvo de comissária

A comissária de bordo Débora Soper Ávila morreu na queda do avião da Voepass - Reprodução/Facebook
A comissária de bordo Débora Soper Ávila morreu na queda do avião da Voepass Imagem: Reprodução/Facebook
do UOL

Do UOL, em São Paulo

14/11/2024 18h36

A Justiça do Trabalho condenou a Voepass e a Latam ao pagamento de pensão ao viúvo da comissária de bordo Débora Soper Ávila, 28, que morreu no acidente aéreo em Vinhedo (SP), no dia 9 de agosto deste ano. A aeronave caiu no condomínio Recanto Florido, no bairro Capela, matando 62 pessoas. Ainda cabe recurso.

O que aconteceu

A decisão é liminar - ou seja, provisória, e foi proferida na quarta-feira (13). As duas companhias aéreas terão de pagar mensalmente R$ 4.089,97, sob pena de multa de 10% em caso de atraso.

O primeiro pagamento deverá ocorrer no mês de janeiro de 2025. Na decisão, o magistrado Luiz Roberto Lacerda dos Santos Filho determinou que o primeiro valor deverá incluir o mês integral de dezembro e os dias proporcionais de novembro, a contar da data da decisão. O depósito deverá ser efetuado diretamente na conta do viúvo, identificado como Marcus Vinícius Ávila Sant'anna. Ele era casado com Débora Soper.

A decisão é da 1ª Vara do Trabalho de Ribeirão Preto. O juiz reconheceu a responsabilidade das duas companhias aéreas. A Latam e a Voepass firmaram parceria comercial para o compartilhamento de rotas aéreas, um acordo conhecido como codeshare. Os advogados do viúvo argumentam que Latam como a Voepass têm legitimidade para serem processadas em ações referentes ao acidente do voo 2283.

Magistrado acolheu a alegação de que havia dependência econômica do marido em relação à vítima. O juiz concedeu o direito ao recebimento de pensão no valor de dois terços do salário da comissária. No processo, há, ainda, um pedido de indenização por danos morais para o viúvo, o pai, a mãe, e o irmão da falecida no valor de R$ 4.318.992. O pedido ainda não foi julgado.

Os advogados acreditam que as duas companhias aéreas também serão condenadas a pagar a indenização. Os defensores Thalles Messias de Andrade e Leonardo Orsini de Castro Amarante representam a família da comissária na ação trabalhista.

"Ainda que seja uma decisão liminar - a ser reavaliada ao final do processo - a condenação da Voepass e da Latam ao pagamento de pensionamento ao viúvo da vítima é medida fundamental para o amparo financeiro e emocional de seus herdeiros", afirmou Amarante.

O UOL procurou a Voepass e a Latam. Em nota, a Voepass informou que as informações sobre questões jurídicas são tratadas exclusivamente com familiares e representantes legais. A Latam esclareceu que não comenta processos em andamento.

Débora trocou de carreira para virar comissária

Débora Soper Avila, de 28 anos, fazia parte da tripulação da aeronave que caiu em Vinhedo (SP) - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Débora Soper Avila, de 28 anos, fazia parte da tripulação da aeronave que caiu em Vinhedo (SP)
Imagem: Reprodução/Instagram

Débora Soper Ávila trocou a carreira na área de estética para trabalhar como comissária de bordo. Antes da carreira como comissária, Débora trabalhou em uma clínica de estética. Ela também era formada em recursos humanos.

A mulher trabalhava na Voepass desde março de 2023. Ela era natural de Porto Alegre e casada há três anos.

Débora gostava do trabalho. Nas redes sociais do pai dela, Luiz Soper, é possível encontrar publicações de Débora vestida de comissária, além de fotos em aeroportos.

Acidente deixou 62 pessoas mortas

Imagem áerea do local onde avião da Voepass caiu no dia 09/08/2024. Foto de 10/08/2024 - NELSON ALMEIDA/AFP - NELSON ALMEIDA/AFP
Imagem áerea do local onde avião da Voepass caiu no dia 09/08/2024. Foto de 10/08/2024
Imagem: NELSON ALMEIDA/AFP

Avião saiu de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP) com 58 passageiros e quatro tripulantes. No dia 9 de agosto, a aeronave decolou às 11h50 e pousaria às 13h45, segundo o FlightAware.

Aeronave despencou 13 mil pés (4.000 metros) em dois minutos. O registro de voo do Flight Radar mostra que o avião estava a 17 mil pés de altitude às 13h20 e a 4.000 pés (1,22 km) às 13h22, quando o sinal de GPS foi perdido pela plataforma. O avião caiu pouco mais de 20 minutos antes de pousar e atingiu casas de condomínio residencial.

O piloto do avião, Danilo Santos Romano, comentou sobre uma falha no sistema antigelo da aeronave. A informação foi divulgada em relatório preliminar apresentado pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), da FAB (Força Aérea Brasileira), no dia 6 de setembro. Porém, essa suposta falha ainda será apurada durante a investigação.

Todas as 62 pessoas que estavam a bordo do ATR 72-500 da Voepess morreram. A maioria das vítimas era de Cascavel, de onde saiu a aeronave.

Reconhecimentos dos corpos foram feitos por análise das arcadas dentárias, DNA e coleta de impressões digitais. Todas as pessoas morreram devido ao impacto do avião com o solo. Com isso, mortes foram instantâneas por politraumatismo e, só depois, o avião explodiu. Apesar disso, corpos não foram completamente carbonizados.

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