Trump opta por laços pessoais e habilidades na TV para definir equipe
Por James Oliphant e Helen Coster
WASHINGTON (Reuters) - Ao formar a equipe de seu novo governo, o presidente eleito Donald Trump tem se desviado do convencional para o confuso. Mas todas as suas escolhas parecem ter uma coisa em comum: o vínculo com o próprio Trump.
Desde seu chefe de gabinete até aqueles selecionados para liderar o Departamento de Justiça, o Pentágono e o Departamento de Segurança Interna, Trump está escolhendo pessoas que são rostos conhecidos em seus comícios de campanha, visitantes frequentes do resort Mar-a-Lago, na Flórida, ou defensores confiáveis dele na TV.
É um forte contraste em relação à sua primeira passagem pela Casa Branca, quando Trump, então um neófito político republicano, acabou tendo em sua equipe membros com os quais não tinha nenhuma relação de trabalho anterior e nenhum nível de confiança.
Para o Trump 2.0, o presidente eleito está recompensando seus aliados mais fiéis com cargos de destaque. Alguns não têm quase nenhuma experiência relevante para os cargos, e outros podem enfrentar um processo de confirmação difícil no Senado, mesmo com uma maioria republicana.
Trump nomeou Pete Hegseth, uma personalidade da Fox News sem experiência administrativa, para supervisionar o Pentágono em expansão; nomeou Matt Gaetz, um provocador conservador de longa data que não tem experiência em aplicação da lei, como procurador-geral; e pediu à governadora da Dakota do Sul rural, Kristi Noem, para ser a principal autoridade de Segurança Interna do país.
Ele também encarregou o bilionário Elon Musk e o ex-candidato presidencial Vivek Ramaswamy, pilares da campanha de Trump, de simplificar a burocracia federal embora nenhum deles tenha trabalhado no governo.
As escolhas sugerem que Trump, como é seu estilo, prefere o martelo ao bisturi, e quer mostrar à sua base política que está cumprindo as promessas de campanha de deportar milhões de migrantes, investigar seus adversários políticos e livrar as Forças Armadas de políticas "woke" sobre gênero e diversidade.
"É digno de nota o fato de que as pessoas que ele selecionou para os cargos mais importantes tendem a ser pessoas que são, eu diria, boas na televisão, portanto, são boas no aspecto público desses cargos", disse David Lewis, professor da Universidade de Vanderbilt que escreveu um livro sobre nomeações presidenciais.
"Acho que há algumas dúvidas sobre se as pessoas escolhidas têm experiência em gerenciar grandes burocracias e se têm todo o conhecimento substantivo necessário para realizar esses trabalhos", acrescentou Lewis.
As escolhas de Hegseth e Gaetz foram recebidas com ceticismo e surpresa por alguns líderes em Washington.
Vários aspirantes ao governo têm ido constantemente a Palm Beach para reuniões com a equipe de transição de Trump em Mar-a-Lago e na tentativa de conseguir alguns segundos de Trump.
"Às vezes, você só precisa pegá-lo no pátio", disse uma fonte próxima à equipe de Trump.
Um doador de Trump disse que o presidente eleito e seus aliados se reuniram em uma sala com TVs e fotos de possíveis indicados.
"Ouvi dizer que Trump está assistindo a muitos clipes de TV", disse o doador, "observando: 'Como essas pessoas vão me defender na TV?'"
(Reportagem de James Oliphant, em Washington, e Helen Coster, em Nova York. Reportagem adicional de Alexandra Ulmer e Gram Slattery)
((Tradução Redação Brasília))
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