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Primeiras nomeações ao futuro governo Trump suscitam preocupação na Ucrânia

14/11/2024 16h18

Uma semana após a eleição, a equipe de governo do segundo mandato de Donald Trump vem sendo definida a cada dia. A nova administração do republicano terá Marco Rubio como chefe da diplomacia, o bilionário Elon Musk liderando um novo ministério, ou ainda o apresentador da Fox News Pete Hegseth como secretário de Defesa. Na Ucrânia, cresce a preocupação após os primeiros anúncios sobre governo Trump. Kiev teme uma drástica diminuição do apoio financeiro e militar dos EUA à guerra.

Emmanuelle Chaze, correspondente da RFI em Kiev

Diante da futura equipe que se revela em torno de Trump, as autoridades ucranianas adotam, por enquanto, uma atitude pragmática. A cada indicação anunciada por Trump, Kiev avalia e identifica os riscos do governo americano que assumirá em 2025 no suporte ao conflito contra a Rússia, que invadiu o país em fevereiro de 2022.

A principal preocupação dos ucranianos neste momento é com a nomeação de Elon Musk, um grande promotor da desinformação russa, principalmente por meio da rede social X, da qual é proprietário.

Outra indicação que suscitou tensão na Ucrânia foi a de Pete Hegseth, devido à sua falta de experiência política e frequentes críticas à Otan. Se confirmado pelo Congresso americano, é ele quem definirá o posicionamento dos Estados Unidos em relação ao apoio militar e financeiro a Kiev.

É forte a expectativa também sobre o futuro enviado para a paz que deve ser anunciado em breve. Trump já fez sua escolha, mas, sem revelá-la, apenas afirmou que o cargo ficará com alguém com grande experiência e que terá a missão de liderar um acordo de fim de guerra entre a Ucrânia e a Rússia. 

Trump promete resolver o conflito

Segundo o presidente eleito dos Estados Unidos, a guerra na Ucrânia pode ser resolvida em 24 horas. Fontes próximas a Trump citam a perspectiva de concessões territoriais à Rússia, o que preocupa Kiev. 

A possibilidade também desagrada outros países. Em junho, durante a Cúpula da Paz organizada pela Ucrânia na Suíça, 80 nações fizeram um apelo em prol da integridade territorial da Ucrânia. Os participantes defenderam que o mapa do país voltasse a ser restabelecido tal qual sua independência, em 1991, com o domínio da península da Crimeia e das regiões de Donetsk e Lugansk. 

Da parte da população, 58% dos ucranianos são contra toda a concessão de território, segundo uma pesquisa do Instituto de Sociologia de Kiev. No entanto, o número está em baixa desde 2022, quando mais de 80% da população se opunha a deixar as regiões invadidas à Rússia. 

Russos avançam no leste

No front, a situação é tensa para a Ucrânia. As tropas ucranianas batalham para não perder a cidade de Kurakhove, na região de Donetsk. Ainda no leste, os soldados russos avançam em Koupiansk, perto de Kharkiv. 

Por outro lado, Moscou enfrenta dificuldades em Kursk, no oeste da Rússia, para onde enviou 50 mil soldados para tentar barrar o Exército ucraniano. Desde que lançou essa ofensiva, Kiev alega não ter objetivo de colonizar nenhuma área russa, mas acredita que o território ocupado no país inimigo poderia ser usado como moeda de troca na recuperação de suas terras. 

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