Não há necessidade de Fed apressar cortes de juros dada a força da economia, diz Powell
Por Ann Saphir e Howard Schneider
DALLAS (Reuters) - O crescimento econômico contínuo, um mercado de trabalho sólido e a inflação que permanece acima da meta de 2% significam que o banco central dos Estados Unidos não precisa se apressar para reduzir a taxa básica de juros e pode deliberar com cuidado, disse o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, nesta quinta-feira.
Em comentários que se alinham com uma expectativa crescente nos mercados financeiros de menos cortes na taxa básica de juros no próximo ano do que o previsto anteriormente por autoridades do Fed, Powell afirmou que ele e seus pares no banco central ainda consideram que a inflação está "em um caminho sustentável para 2%", o que permitirá que o banco central dos EUA mova a política monetária "ao longo do tempo para um nível mais neutro".
Mas o ritmo dos cortes nos juros "não está predefinido", disse Powell em um evento do Fed de Dallas, acrescentando que "a economia não está enviando nenhum sinal de que precisamos ter pressa para reduzir a taxa básica. A força que estamos vendo atualmente na economia nos dá a capacidade de abordar nossas decisões com cuidado".
Autoridades do Fed e investidores estão avaliando como a força econômica contínua dos EUA e a incerteza em torno da agenda econômica do governo do presidente eleito Donald Trump, particularmente em relação a cortes de impostos, tarifas e repressão à imigração, podem afetar o crescimento econômico e a inflação.
Após a eleição da semana passada, que pode ter influenciado as percepções dos eleitores sobre os males econômicos do país, Powell disse que a situação atual era, na verdade, "notavelmente boa".
Os pontos fortes da economia incluem uma taxa de desemprego ainda baixa, de 4,1%, crescimento no que Powell chamou de um ritmo anual "robusto" de 2,5%, que permanece acima das estimativas do Fed sobre seu potencial subjacente, gastos do consumidor impulsionados pelo aumento da renda disponível e investimento empresarial crescente.
No entanto, as principais medidas de inflação permanecem acima da meta.
O índice PCE de outubro ainda não foi divulgado, mas Powell disse que os dados recentes que o alimentam indicam que o núcleo do indicador, que exclui os custos de alimentos e energia, aumentou a uma taxa de 2,8% no mês passado -- o que marcaria o quarto mês consecutivo de estagnação.
O Fed usa a leitura do PCE para definir sua meta de inflação de 2% -- Powell disse que esse número provavelmente ficou em torno de 2,3% em outubro -- enquanto a medida do "núcleo" é considerada um guia para a direção da inflação subjacente.
Operadores esperam que o Fed corte os juros em mais 0,25 ponto percentual em sua reunião de 17 e 18 de dezembro, mas a combinação da vitória eleitoral de Trump e as leituras de inflação instáveis os fazem prever menos cortes no próximo ano.
Powell disse que o banco central ainda tem fé em um processo contínuo de desinflação, mas também está atento ao monitorar aspectos como os custos de moradia.
Os principais aspectos da inflação "voltaram a apresentar taxas mais próximas daquelas compatíveis com nossas metas... Estamos observando atentamente para garantir que isso aconteça... A inflação está muito mais próxima de nossa meta de longo prazo de 2%, mas ainda não chegou lá", disse ele.