Le Parisien diz que o Brasil é "incapaz" de comprovar a qualidade da carne exportada para a UE
O jornal Le Parisien publica uma série de reportagens nesta terça-feira (12) sobre "a comida de má qualidade" produzida pela indústria agroalimentar. Às vésperas de uma nova mobilização de agricultores franceses contra a assinatura do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, e diante do aumento do recall de alimentos impróprios para o consumo na França, o jornal utiliza o exemplo da carne brasileira para condenar alguns processos da indústria de alimentos.
O jornal Le Parisien publica uma série de reportagens nesta terça-feira (12) sobre "a comida de má qualidade" produzida pela indústria agroalimentar. Às vésperas de uma nova mobilização de agricultores franceses contra a assinatura do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, e diante do aumento do recall de alimentos impróprios para o consumo na França, o jornal utiliza o exemplo da carne brasileira para condenar alguns processos da indústria de alimentos.
Segundo o Le Parisien, desde o início de novembro, o consumidor francês já foi alertado sobre 56 recalls de produtos contaminados pelas bactérias listeria, encontrada em queijos produzidos com leite não pasteurizado, e salmonella, presente em ovos e carnes, além de resíduos de metais pesados no arroz, entre outros inconvenientes para a saúde. Esse tipo de contaminação pode provocar intoxicações e infecções bacterianas. A listeriose pode causar perda de gravidez ou parto prematuro em gestantes e doença grave ou morte em recém-nascidos. Em casos raros, a salmonella também pode levar à morte.
O jornal dedica uma reportagem à carne de vaca produzida no Brasil, proibida desde o início de outubro de entrada no Reino Unido e na União Europeia, devido ao uso do hormônio estradiol no processo de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF).
"O Brasil é incapaz de comprovar a qualidade da carne que produz", afirma o Le Parisien. "Você não sabe o que é o estradiol, mas poderá encontrá-lo em sua lasanha ou na carne moída", explica o diário aos seus leitores. Esse hormônio do crescimento é utilizado em certas fazendas de gado brasileiras para que os animais ganhem peso muscular mais rápido", diz a reportagem. Desde 1998, o uso do estradiol 17-ß foi completamente proibido no mercado europeu.
De acordo com o Le Parisien, o comitê científico francês de medidas veterinárias indica que o estradiol deve ser considerado como um hormônio cancerígeno por causar o aparecimento de tumores e promover o desenvolvimento deles. "As vacas brasileiras não chegarão mais em solo europeu, mas e os bois que utilizam outros produtos anabolizantes?", questiona o jornal.
Procurado pelo Le Parisien para avaliar os riscos, o eurodeputado francês Pascal Canfin afirma que a rastreabilidade dos bois brasileiros provavelmente não está garantida. "Nada está planejado, no momento, para controlar a presença dessas substâncias. Eu vou atuar para mudar isso. As vacas brasileiras só voltarão para a Europa quando pudermos garantir que não estejam mais dopadas com hormônios", disse o parlamentar europeu.
O acordo que está sendo negociado prevê que a União Europeia vai liberar 99% das importações agrícolas do Mercosul. A carne bovina deverá respeitar uma cota de 99.000 toneladas nos primeiros seis anos, com uma taxa aduaneira de 7,5% na entrada no bloco europeu.