'Não somos bobos e não vamos engolir sapo': o que a gen Z busca no trabalho
A geração Z tem uma visão menos romantizada do que os millennials sobre o mercado de trabalho. Eles encaram essa área da vida como "mal necessário" para pagar as contas no fim do mês. Aliás, há uma mudança significativa entre as pessoas da geração anterior.
Uma pesquisa realizada pela empresa de saúde Alice, em parceria com BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Grupo Fleury e Flash, comparou as duas gerações em relação à saúde no mercado do trabalho.
O estudo entrevistou 1.046 pessoas de todas as regiões do Brasil, via questionário online, do dia 19 de setembro ao dia 30 de setembro de 2024. As respostas foram coletadas pelo instituto de pesquisa Opinion Box. Metade dos respondentes tem de 16 a 29 anos (geração Z), a outra metade, 30 a 43 (millennials). Confira a seguir os principais resultados.
Eles querem ser levados a sério
Os jovens da geração Z querem ser levados à sério e não aceitam mentiras. Para Alexandre Ribeiro, 26, empreendedor e fundador da empresa "Da quebrada pro mundo", a transparência é inegociável dentro do trabalho. O jovem esteve na divulgação do estudo na última quinta-feira (7) e participou de um dos painéis.
"A gen Z tem uma arrogância para achar que sabe tudo, mas nós não somos bobos e não vamos engolir sapo", diz. O empreendedor, que já foi colunista de Ecoa, dá exemplos:
Quando a pessoa fala 'somos uma família', mas isso é uma mentira. Algumas pessoas até caíram nisso, mas se você não entrega resultados, você vai ser demitido (...). A pessoa fala que é diversa, mas vou reparar em como ela trata a equipe da limpeza, que 'não tem poder dentro da empresa'. A gente vê isso. Não posso confiar em alguém que não está sendo transparente comigo. Alexandre Ribeiro
O que a gen z valoriza na empresa
48,4% querem uma postura mais flexível do empregador, caso estejam enfrentando alguma dificuldade no âmbito pessoal;
43,2% disseram valorizar o plano de saúde;
34,2% querem comunicações transparentes;
33,7% querem conversas periódicas entre líder e liderado, com intuito de acompanhar e dar suporte ao colaborador em sua vida profissional e pessoal.
Já entre os millenials:
50,7% responderam que plano de saúde é o que mais valorizam;
50,7% disseram valorizar maior flexibilidade em momentos de necessidade/desafio pessoal;
35,8% prezam por comunicação transparente;
35% querem conversas periódicas entre líder e liderado.
'Trabalho representa pouco do que sou'
Geração Z tem uma visão mais apática sobre o trabalho em relação aos nascidos anteriormente, de acordo com pesquisa.
Uma das hipóteses é que o trabalho tem pouca influência na vida deles. "O trabalho é algo que representa um pouco do que sou" foi a resposta mais frequente para a gen Z (40,9%), enquanto "o trabalho é algo que representa muito do que sou" foi a mais comum para os millenials (43,2%).
Além disso, 9,4% da gen Z dizem que o trabalho "não representa nada do que sou". Essa foi a resposta de 6,1% dos millennials. Mas isso não significa que não haja workaholics entre os brasileiros que ingressaram há menos tempo no mercado de trabalho: 13,4% dos mais novos responderam "minha vida é meu trabalho", enquanto 12,4% dos millennials assinalaram essa afirmativa como a que melhor se aplica.
Outro dado reforça o peso menor que a geração mais jovem, como um todo, dá ao trabalho: 74% da gen Z entendem que seu desenvolvimento profissional impacta na autoestima e no bem-estar pessoal. É uma proporção relevante, mas menor do que a de millennials que acreditam nessa implicação: 81,8%.
Essa visão mais prática se reflete em suas escolhas e no equilíbrio entre vida pessoal e profissional: autonomia e flexibilidade são essenciais para eles, ainda mais do que para a geração anterior. Esse olhar direto e crítico sobre o papel do trabalho reflete as novas prioridades da geração Z e redefine a relação com o ambiente profissional, trazendo novos desafios e oportunidades para as empresas. Sarita Vollnhofer, diretora de RH da Alice
Desafios de saúde mental
Saúde mental é um dos principais fatores que afetam a satisfação e a progressão na carreira para a geração Z. Quase 20% dos jovens entrevistados citaram problemas de saúde mental causados pelo trabalho como uma barreira significativa para seu crescimento profissional, e 5,5% apontaram o desequilíbrio entre vida pessoal e profissional como obstáculo.
Apesar de 57,7% da geração Z se considerarem saudáveis, na comparação com millennials, os jovens colocam em prática menos cuidados com a saúde no cotidiano. A exceção é com a saúde mental: eles fazem mais terapia (19,3% da gen Z versus 12,2% dos millennials) e meditam mais (17% versus 11,1%).
Uma boa prática para essa geração é implementar um modelo de trabalho que valorize a autonomia, dando às pessoas liberdade para organizar suas tarefas e horários de maneira que façam sentido para elas. Além disso, um plano de saúde robusto, com cobertura ampla para atendimento psicológico e psiquiátrico, demonstra o comprometimento com a saúde mental e o suporte ao bem-estar contínuo dos jovens profissionais. Sarita Vollnhofer, diretora de RH da Alice