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Bolsa fecha em leve queda e dólar fica estável com espera por cortes

do UOL

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL

12/11/2024 10h22Atualizada em 12/11/2024 18h14

A oscilação marcou esta terça-feira (12), tanto para a Bolsa de Valores de São Paulo, que teve leve queda, quanto para o dólar, que fechou estável. O mercado repercutiu negativamente a disposição do Banco Central brasileiro de falar em prolongar o ciclo de alta de juros. Mas as notícias sobre corte de gastos exerceram força positiva, o que fez os dois parâmetros oscilarem bastante durante o dia.

A ata do Copom (Comitê de Política Monetária) — que avalia que uma deterioração adicional das expectativas para a inflação à frente pode fazer o ciclo de juros durar mais tempo — puxou os índices para baixo.

Por outro lado, a declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que o presidente Lula (PT) pediu mais um ministério incluído no pacote de corte de gastos do Orçamento de 2026 acabou suavizando as perdas.

O que aconteceu

A Bolsa de Valores de São Paulo terminou o dia em ligeira queda de 0,14%. O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, desvalorizou para 127.698 pontos.

O dólar comercial, depois de pequenas altas e baixas, fechou estável, com variação positiva de 0,01%, vendido a R$ 5,770. O turismo finalizou o dia em queda de 0,11%, para R$ 5,991.

Juros x dólar

Um dos motivos que fez o dólar e a Bolsa ficarem no vai e vem hoje foi ata do Copom divulgada mais cedo. O Comitê avalia que uma deterioração adicional das expectativas de inflação "pode levar a um prolongamento do ciclo de aperto de política monetária", ou seja, a fase de alta de juros deve ser mais longa que se previa. Na semana passada, o Copom decidiu elevar a Selic de 10,75% para 11,25% ao ano. Esse tom mais duro acabou estressando o câmbio nesta terça, segundo Cristiane Quartaroli, economista chefe do Ouribank.

O Banco Central também está preocupado com o novo governo americano. O BC vê incertezas na condução da política econômica dos Estados Unidos. Para os diretores da autoridade monetária, eventuais mudanças trazem "adicional incerteza" ao cenário, com "possíveis estímulos fiscais, restrições na oferta de trabalho e introdução de tarifas à importação".

O presidente eleito Donald Trump nomeou na segunda (11) Tom Homan, para tomar conta do assunto da imigração. O governo republicano quer fazer uma deportação em massa de imigrantes ilegais.

Sem contar com milhões de imigrantes, o mercado americano de trabalho vai ter de aumentar salários e isso eleva a inflação. Só a perspectiva de aumentos de preços nos EUA faz os juros do Tesouro americano subirem. E, como é considerada a aplicação mais segura do mundo, investidores do mundo todo preferem aplicar nela para aproveitar não só a segurança, mas também as altas taxas de juros.

Um possível aumento nos juros americanos também eleva o dólar, que se tornou outra aplicação muito procurada. Em 2024, a divisa já teve valorização de 19% sobre o real.

De olho nos gastos

Mas, nesta terça, a contínua espera por notícias relacionadas aos cortes de gastos segurou a queda do dólar e da Bolsa.

O mercado repercutiu a declaração de que o presidente Lula (PT) "cumprirá rigorosamente o arcabouço fiscal" para zerar o déficit primário brasileiro, conforme afirmou nesta terça-feira (12) à imprensa o vice-presidente Geraldo Alckmin. Ele participa da COP 29, conferência da ONU que acontece no Azerbaijão e disse que ouviu do próprio Lula a decisão de reduzir os gastos públicos. "Eu participei da reunião na semana passada, na sexta-feira. Reunião muito proveitosa, e o presidente Lula deixou claro que cumprirá rigorosamente o arcabouço fiscal: ou seja, déficit primário zero. A questão do arcabouço fiscal é compromisso do governo", afirmou o vice após discurso na COP.

Também fala-se que o presidente Lula (PT) pediu mais um ministério incluído no pacote de corte de gastos. Esse novo ministério poderia ser o da Defesa. A pista foi dada ontem por Haddad.

As reuniões com ministros de Trabalho, Previdência, Desenvolvimento Social, Saúde, Educação, elas já se completaram. O presidente pediu para incluir um ministério nesse esforço, uma negociação que deve ser concluída até quarta-feira (13). Eu não vou adiantar [qual], porque não sei se vai haver tempo hábil de incorporar o pedido. Mas acredito que vai haver boa vontade.
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad

O Ministério da Defesa tem orçamento de R$ 133,6 bilhões previstos para 2025. É o quinto maior dentre todas as pastas. O valor só é menor que o destinado aos ministérios da Previdência, Desenvolvimento e Combate à Fome, Saúde e Educação.

Petrobras

Nesta tarde, o presidente Lula se reuniu com políticos que defendem a exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas. Isso, segundo Rodrigo Moliterno, diretor de renda variável da Veedha Investimentos, ajudou na valorização das ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) que subiram apesar da cotação do petróleo ter ficado praticamente estável. PETR3 teve aumento de 1,20%, a R$ 36,61, e PETR4 teve valorização de 1,71%, a R$ 39,87, conforme dados preliminares.

A exploração na Margem Equatorial é alvo de críticas de ambientalistas por conta dos riscos para o meio ambiente e para a população. Um pedido da estatal ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) foi rejeitado, no mês passado.

Ações de companhias siderúrgicas e de aço continuaram em queda, o que vem acontecendo desde a semana passada. Com a economia da China parada e agora com a possibilidade da volta de barreiras internacionais, coma eleição de Trump, esses papéis estão em queda. A maio baixa foi a de Gerdau (GGBR4), que perdeu 3,25%, para R$ 19,78, conforme dados preliminares.

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