Coronel vê 'acomodação' da polícia contra infiltração do crime organizado
A polícia está "acomodada" e "relativamente tranquila", enquanto o crime organizado cresce no Rio de Janeiro e em São Paulo, afirmou o coronel da reserva da Polícia Militar de São Paulo José Vicente no UOL News desta segunda-feira (11).
O crime de maneira geral está mais ou menos satisfeito com o esquema que eles têm. Eles faturam muito. E para a polícia mexer nesse vespeiro, ela precisa de até uma refundação, como se diz, principalmente na polícia do Rio de Janeiro. E esse problema vai com muita profundidade. Eu conheço muito as dificuldades que a PM tem de fazer a contenção dos meus policiais.
Então, é uma questão que há uma grande acomodação. O crime está forte, poderoso, em São Paulo e Rio de Janeiro, e a polícia está, por enquanto, relativamente tranquila. O que é certo, evidentemente, que não se faz uma grande ação contra o crime organizado com tropas especiais da PM. A ação contra o crime organizado se faz com a tal de inteligência, ou seja, buscar informações, saber quem é quem, o que eles estão fazendo e o que vão fazer. Esse é o trabalho do Ministério Público, que tem que ensinar nossa polícia a trabalhar.
José Vicente, coronel da reserva da PM/SP
Para José Vicente, o assassinato do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach no aeroporto de Guarulhos na última sexta-feira (8) mostra a fragilidade do sistema de inteligência do Brasil.
No serviço de inteligência, nós temos uma dificuldade imensa de acompanhar as atividades do crime organizado no Brasil. Não é só em São Paulo, com o PCC.
Esse ato [assassinato do empresário] foi uma pequena janela para mostrar o grande mundo do crime organizado, a força que tem em São Paulo, Rio de Janeiro, em todo o país praticamente. Mostrando também, por outro lado, as ineficiências do sistema de contenção da violência do país. Há uma fragilidade evidente por parte do sistema de inteligência, que nada mais é do que coletar, guardar, articular as informações para que elas tenham qualidade nos fatos.
José Vicente, coronel da reserva da PM/SP
PEC 6x1 deve ter assinaturas suficientes nesta semana, diz Erika Hilton
Mais cedo ao UOL News, a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) disse que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que extingue a jornada 6x1 já ultrapassou cem assinaturas e deve ter as 171 necessárias para ser apresentada à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados ainda esta semana.
A PEC foi protocolada para que nós levantássemos o debate na sociedade. Nós esperamos atingir ainda esta semana as 171 assinaturas necessárias para que se possa ser indicado um relator e, a partir daí, conversar com as bancadas, os deputados, a classe trabalhadora, o empresariado para que a gente encontre o melhor formato para atender a demanda tanto de quem trabalha quanto de quem emprega.
Erika Hilton, deputada federal
Assista ao comentário:
Josias: PCC não se incomoda com Estado, mas com quem ousa desafiá-lo
O assassinato a tiros do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, ocorrido na última sexta (8) no aeroporto de Guarulhos, revela que o PCC não se importa com a resposta do Estado, mas está disposto a tudo para tirar do seu caminho aqueles que o atrapalham, disse o colunista Josias de Souza.
Há duas evidências neste caso. A primeira é a de que o PCC não se incomoda com o Estado brasileiro. Considera-se um grupo acima da lei e que opera impunemente. Tanto que executam um desafeto à luz do dia, ferindo outras pessoas e causando tumulto no maior aeroporto do país.
De alguma maneira, o PCC está sendo incomodado. Ele executa um dos seus delatores, como a informar a quem esteja com disposição de colaborar com a polícia, que alguém que se contrapõe aos interesses empresariais do grupo morre.Josias de Souza, colunista do UOL
Assista ao comentário
Tales: Cooperação de PCC e polícia funciona como máfia e deve ser apurada
O assassinato do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach sugere uma relação nebulosa entre o PCC (Primeiro Comando da Capital) e a polícia e que precisa ser investigada, afirmou Tales Faria. O colunista citou uma entrevista concedida por Vinícius ao jornalista Roberto Cabrini, da RecordTV, em fevereiro. Nela, o delator do PCC afirmou que "pseudo empresários tinham interesse" na morte dele e falou sobre corrupção dentro da polícia.
Ele [Vinícius] também era um bandido, que tinha seguranças pagos por ele e que são policiais da ativa. É muito estranho policiais servirem a um bandido.
Outra coisa curiosa é que ele prestou um acréscimo à delação premiada dele há cerca de 15 dias. Não teve tempo de assiná-la, mas ela provavelmente foi gravada. Esta assinatura seria para ele aceitar os termos da delação para benefício dele. Existindo a gravação, ela pode servir como prova.
Esta entrevista para o [Roberto] Cabrini aponta para algo muito interessante, quando ele diz que 'infelizmente um departamento sério da polícia deixou-se corromper'. É obrigação da polícia do Estado de São Paulo dizer que departamento é esse e apurar qual nível de corrupção estava nesse setor.
Ele pode ter sido morto pelo PCC, mas tudo indica que há uma cooperação grande entre a facção e a polícia. Isso é terrível para a coisa pública do país, não só de São Paulo. Essa cooperação tem que ser desvendada, porque isso tudo acaba funcionando como uma máfia. Tales Faria, colunista do UOL
Assista ao comentário na íntegra:
O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h com apresentação de Fabíola Cidral e às 17h com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.
Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h.
Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL. O Canal UOL também está disponível na Vivo TV (canal nº 613) Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64) e no UOL Play.