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Relembre a história das negociações globais sobre mudanças climáticas

10/11/2024 09h44

A partir desta segunda-feira (11), as atenções globais estarão voltadas para a cidade de Baku, capital do Azerbaijão, que sediará a próxima rodada de negociações na 29ª edição da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29). Ao longo de 11 dias, líderes mundiais debaterão como viabilizar a transição a uma economia global de baixa emissão de gases do efeito estufa e resiliente às mudanças do clima.

O debate é antigo, e os problemas observados hoje, como o aumento da variabilidade climática e suas consequências na vida das pessoas, tornaram o assunto uma urgência. O que já era previsto em projeções científicas há mais de três décadas virou realidade muitos anos antes do esperado.

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"Isso está acontecendo em todo o mundo. Então, não é algo raro que vai acontecer a cada 100 anos, não é um fenômeno extremo raríssimo. As mudanças climáticas - devido ao aquecimento global causado por gases do efeito estufa que lançamos na atmosfera - são a razão para que eventos extremos estejam se tornando mais frequentes e batendo recordes", alertou o climatologista brasileiro Carlos Nobre, após a catástrofe no Rio Grande do Sul, nos primeiros meses de 2024.

Quase 36 anos antes, em novembro de 1988, a Organização Mundial de Meteorologia e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente já haviam percebido a necessidade de monitorar os efeitos da ação humana no planeta e entender o que era preciso mudar e adaptar. Foi criado o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), que recebeu o apoio de 195 países interessados em conhecer as avaliações científicas sobre a mudança do clima fornecidas pelo órgão.

Dois anos depois, os relatórios gerados pelo IPCC levaram os países que integram a Organização das Nações Unidas a avançar com a criação do Comitê Intergovernamental de Negociação (INC, na sigla em inglês), durante a Assembleia Geral de dezembro de 1990. Seguidas reuniões do grupo discutiram compromissos, metas e calendários para reduções de emissões, mecanismos financeiros e as responsabilidades "comuns, mas diferenciadas" dos países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Tudo foi reunido em um tratado internacional, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em ingês), finalizada na sede das Nações Unidas, em Nova York, em maio de 1992 e apresentada aos países para adesão, durante a Eco92, no Rio de Janeiro.

Os debates concluíram que os efeitos das ações humanas sobre o planeta precisavam de um aprofundamento em outros campos, além do clima, que resultaram em mais dois acordos multilaterais: a Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica e a Convenção de Combate à Desertificação.

Dois anos depois, a convenção do clima passou a vigorar com a adesão de 196 países. As negociações multilaterais sobre o tratado começaram a ter um encontro anual, onde as partes do acordo decidem as políticas e rumos do enfrentamento às mudanças climáticas. Surge a Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas.

A primeira reunião ocorreu em Berlim, na Alemanha, em 1995, onde líderes mundiais concluíram que os compromissos assumidos anteriormente pelas partes eram insuficientes. Iniciavam-se ali as negociações para o desenho de um novo protocolo que garantisse a redução das emissões globais de gases do efeito estufa.

O resultado das discussões veio somente dois anos depois, em dezembro de 1997, com o Protocolo de Quioto. A abertura para as assinaturas ocorreu somente no ano seguinte, e poucos países foram aderindo. O Brasil ratificou somente em 2002, e o protocolo só passou a vigorar em 2005, após a adesão de 55% das partes da convenção do clima.

Ao longo dos anos, novos instrumentos foram complementando a convenção, como próprio Acordo de Paris, resultante da COP21, em 2015, considerado um dos mais relevantes avanços em relação à convenção do clima. O ano de 2020 foi o único em que as partes não se reuniram, por causa da pandemia de covid-19. A COP30 será realizada no Brasil, em Belém, em novembro de 2025.

Confira os locais onde ocorreram todas as COPs da convenção do clima e alguns dos principais acordos resultantes.

1ª - Berlim, Alemanha (1995) - Mandato de Berlim

2ª - Genebra, Suíça (1996)

3ª - Quioto, Japão (1997) - Protocolo de Quioto

4ª - Buenos Aires, Argentina (1998)

5ª - Bonn, Alemanha (1999)

6ª - Haia, Holanda (2000) - Objetivos de Desenvolvimento do Milênio

7ª - Marraquexe, Marrocos (2001) - Acordos de Marraquexe

8ª - Deli, Índia (2002)

9ª - Milão, Itália (2003) - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

10ª - Buenos Aires, Argentina (2004) - Inventário Nacional de Emissões de Gases de Efeito Estufa

11ª - Montreal, Canadá (2005)

12ª - Nairóbi, Quênia (2006)

13ª - Bali, Indonésia (2007)

14ª - Posnânia, Polônia (2008)

15ª - Copenhague, Dinamarca (2009) - Acordo de Copenhague

16ª - Cancún, México (2010)

17ª - Durban, África do Sul (2011) - Fundo Verde para o Clima

18ª - Doha, Catar (2012) - Convenção de Doha

19ª - Varsóvia, Polônia (2013)

20ª - Lima, Peru (2014)

21ª - Paris, França (2015) - Acordo Paris

22ª - Marraquexe, Marrocos (2016)

23ª - Bonn, Alemanha (2017) - Powering Past Coal Alliance e Plano de Ação de Gênero

24ª - Katowice, Polônia (2018)

25ª - Madri, Espanha (2019)

26ª - Glasgow, Escócia (2021) - Livro de Regras do Acordo Paris e Mercado de Carbono (Artigo 6)

27ª - Sharm El Sheikh, Egito (2022)

28ª - Dubai, Emirados Árabes (2023) - Balanço Global de Carbono

29ª - Baku, Azerbaijão (2024)

30ª - Belém, Brasil (2025)

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