Mnuchin não voltará ao governo Trump, mas pode dar conselhos sobre sanções e dívidas
Por David Lawder
WASHINGTON (Reuters) - O ex-secretário do Tesouro de Donald Trump Steven Mnuchin disse que não tentará ingressar na nova administração do presidente eleito, mas está disposto a oferecer conselhos ao seu sucessor, inclusive sobre como fortalecer as sanções ao Irã e à Rússia e conter o crescimento da dívida dos Estados Unidos.
Em entrevista à Reuters, Mnuchin disse que é importante que o Tesouro trabalhe para fortalecer a política comercial dos EUA. Isto inclui fazer com que Pequim cumpra seus compromissos de compra de bens dos EUA na Fase Um do acordo de Trump, de janeiro de 2020, para reequilibrar o comércio entre os dois países, que ele afirmou “não estarem cumprindo”.
Atuar como chefe do Tesouro durante o primeiro mandato de Trump “foi uma experiência única e estou feliz em oferecer conselhos de fora do governo”, disse na sexta-feira. "Tenho certeza de que eles terão muitas ótimas opções."
Ele se recusou a citar favoritos.
Na sexta-feira, a Reuters informou que dois influentes investidores em fundos de hedge, Scott Bessent, fundador do Key Square Group, e John Paulson emergiram como os principais candidatos a secretário do Tesouro, e que Bessent se encontrou com Trump.
Mnuchin fundou a Liberty Strategic Capital, uma empresa de capital privado, depois de deixar o cargo com investimentos do Softbank Group e do fundo soberano Mubadala de Abu Dhabi.
EQUIPE ECONÔMICA
Mnuchin afirma que é importante que todas as partes da equipe econômica de Trump – o Tesouro, o Departamento de Comércio, o gabinete do Representante Comercial dos EUA e o Conselho Econômico Nacional da Casa Branca – trabalhem em estreita colaboração como um grupo, como fizeram durante as negociações comerciais e tarifárias com a China em 2018 e 2019.
Mnuchin, um ex-executivo do Goldman Sachs, conta que a experiência nos mercados financeiros é importante para o secretário do Tesouro, mas também é importante ter uma sólida experiência em gestão. Isto porque o Tesouro abrange vastas áreas da economia, desde a política regulatória e fiscal até às sanções internacionais, sendo que estas últimas demoram um tempo considerável durante o seu mandato, explicou.
Os EUA precisam de uma aplicação mais forte das sanções financeiras e de mais ações para cortar as receitas petrolíferas do Irã e da Rússia, disse Mnuchin, observando que as sanções à Rússia devido à guerra na Ucrânia têm sido "mais uma manchete" do que eficazes.
O preço máximo de 60 dólares por barril de petróleo bruto russo, imposto pelo G7, pode reduzir as receitas petrolíferas da Rússia, mas "a Rússia está vendendo muito petróleo e gás", acrescentou.
Estas ações precisam ser combinadas com um aumento na produção de petróleo e gás dos Estados Unidos e uma produção maior de outros países do Médio Oriente para compensar os fornecimentos reduzidos pelas sanções da Rússia e do Irã para manter os preços estáveis, disse Mnuchin.