Seul acusa Coreia do Norte de realizar campanha de bloqueio de sinal GPS
O Exército sul-coreano acusou, neste sábado (9), a Coreia do Norte de realizar uma campanha de bloqueio de sinal de GPS desde sexta-feira (8) que afetou vários navios e dezenas de aviões civis na Coreia do Sul.
Os militares da Coreia do Sul pediram cautela aos barcos e aviões civis sul-coreanos que operam no Mar Amarelo entre a China e a Península Coreana, dizendo que navios e dezenas de aeronaves estavam passando por "algumas perturbações operacionais".
"Pedimos veementemente à Coreia do Norte que pare imediatamente com as provocações do GPS e avise que será responsabilizada por quaisquer problemas resultantes", continuou o Estado-Maior Conjunto em Seul num comunicado.
O bloqueio de GPS consiste na emissão de sinais desconhecidos que saturam os receptores GPS e os tornam inutilizáveis ??para navegação. A Coreia do Sul acusou inúmeras vezes a Coreia do Norte nos últimos anos de realizar este tipo de perturbação a partir do seu território.
Em maio, os militares sul-coreanos relataram um ataque semelhante, mas que não interferiram em operações militares da Coreia do Sul.
"Os ataques de interferência de GPS apresentam um risco real de incidentes graves, incluindo potenciais acidentes de avião no pior dos casos", disse à AFP Yang Moo-jin, presidente da Universidade de Estudos Norte-Coreanos de Seul, observando que o objetivo desta campanha "não está claro."
Poderia ser uma "intenção de desviar a atenção do mundo do envio de tropas (norte-coreanas para a Rússia), de gerar preocupação psicológica entre os habitantes do Sul ou de responder às manobras (militares sul-coreanas) na sexta-feira", desenvolve o especialista.
Para o desertor Ahn Chan-il, diretor do Instituto Global de Estudos Norte-Coreanos, o bloqueio poderia permitir ao Norte "proteger as suas próprias comunicações e trocas de informações durante operações militares cruciais" no país e fora dele.
Eleições e guerra na Ucrânia
A denúncia acontece pouco mais de uma semana depois de um teste de disparo por parte de Pyongyang de um míssil balístico intercontinental (ICBM) apresentado pelo regime como o mais avançado do seu arsenal.
O lançamento, dias antes da eleição presidencial dos EUA na terça-feira (5), representou o primeiro teste de armas da Coreia do Norte desde que foi acusada de enviar tropas à Rússia para apoiar o seu esforço de guerra na Ucrânia.
A Coreia do Sul respondeu na sexta-feira (8) disparando um de seus próprios mísseis balísticos contra o Mar Amarelo com o objetivo de mostrar a sua "forte determinação em responder com firmeza" a "qualquer provocação norte-coreana".
O míssil Hyunmoo, um projétil superfície-superfície de curto alcance, faz parte das armas do sistema de ataque preventivo sul-coreano denominado "Kill Chain" e tem a finalidade de garantir a liderança no caso de uma ofensiva iminente da Coreia do Norte.
Durante seu mandato, Donald Trump reuniu-se três vezes com o líder norte-coreano Kim Jong Un, começando com uma cúpula histórica em Singapura em junho de 2018. Mas os dois homens não conseguiram fazer muitos progressos nos esforços para a desnuclearização da Coreia do Norte.
Desde o fracasso de um segundo encontro em Hanói, em 2019, Pyongyang abandonou a diplomacia, redobrando seus esforços no desenvolvimento de seu arsenal militar, ao mesmo tempo que rejeitou ofertas de diálogo por parte de Washington.
Desde maio passado, Pyongyang também enviou milhares de balões transportando lixo para a Coreia do Sul. Alguns deles interromperam o tráfego no Aeroporto Internacional de Incheon, localizado a noroeste de Seul, a cerca de 40 quilômetros da Coreia do Norte.
(Com AFP)