Extrema direita e esquerda e se unem na França para taxar importações de carne bovina do Mercosul
Deputados da oposição da França pediram nesta sexta-feira (8) a criação de um imposto sobre as importações de carne bovina do Mercosul. A proposta foi apresentada durante a análise do projeto de orçamento do país europeu para 2025.
A medida, aprovada por legisladores de esquerda e de extrema direita contra a opinião do governo, resultou em uma emenda ao projeto do orçamento. Para o partido França Insubmissa (LFI, esquerda radical), que apresentou o texto, o imposto busca "proteger os agricultores europeus" contra a "concorrência desleal" dos países do bloco sul-americano.
A emenda foi adotada por uma ampla margem (121 votos a favor, 17 contra) graças à soma dos votos da esquerda e do partido Reunião Nacional (RN), da extrema direita, que se uniram contra o campo governamental, atualmente dividido.
O voto do RN "é também (...) um protesto pelo fato de a Assembleia Nacional ter sido privada" das discussões sobre esse acordo, declarou o deputado de extrema direita Jean-Philippe Tanguy.
Quase 100 mil toneladas de carne do Mercosul
Agricultores franceses temem a chegada à União Europeia de 99.000 toneladas de carne bovina do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai se o acordo for assinado. O texto inicialmente não se aplicaria à Bolívia, membro do Mercosul desde 2023.
Na segunda-feira, mais de 200 parlamentares, dos ambientalistas até os conservadores do Republicanos (LR), instaram na tribuna o presidente Emmanuel Macron a fazer tudo que for possível para "bloquear" o acordo com o Mercosul na UE.
As negociações sobre o acordo foram iniciadas há 25 anos. Mas nos últimos meses, as discussões se aceleraram sob o impulso de países como Espanha e Alemanha, interessados no compromisso. A volta do tema à mesa de negociações causou a ira entre os sindicatos agrícolas franceses, que planejam uma série de mobilizações em novembro, coincidindo com a cúpula do G20 no Brasil nos dias 18 e 19, que contará com a presença dos principais líderes dos blocos europeu e sul-americano.
A adoção da emenda apresentada nesta sexta-feira é sobretudo simbólica, já que ela acontece no momento em que a União Europeia (UE) busca finalizar um acordo comercial com o Mercosul, apesar da resistência de Paris. Durante os debates, representantes do governo francês enfatizaram ser "contra o acordo com o Mercosul na sua forma atual", segundo declarou o deputado Jean-René Cazeneuve, ecoando as palavras do presidente Emmanuel Macron.
Com agências