Topo
Notícias

'Especializado em enganar': como era golpe milionário de 'profeta'

Rodrigo dos Reis foi preso pela PF nesta quinta-feira (07) - Reprodução/Redes Sociais
Rodrigo dos Reis foi preso pela PF nesta quinta-feira (07) Imagem: Reprodução/Redes Sociais
do UOL

Colaboração do UOL

08/11/2024 10h05Atualizada em 08/11/2024 10h05

A "Operação Profeta", deflagrada pela PF (Polícia Federal) na manhã desta quinta-feira (7), prendeu Rodrigo Reis. Ele é suspeito de utilizar sua conta no Instagram com mais de 81 mil seguidores para atrair vítimas utilizando a religião.

Como acontecia o golpe

O empresário Rodrigo Reis, preso preventivamente pela PF, era CEO da RR Consultoria, empresa utilizada para a aplicação dos golpes. Estima-se que o número de lesados seja em torno de 10 mil pessoas, com um prejuízo total estimado em R$ 260 milhões.

Em suas redes sociais, Rodrigo atraía novas vítimas e cultivava a confiança de quem já tinha caído no esquema, segundo a PF. Para isso, ele utilizava publicações de cunho religioso e motivacional.

Vítimas eram atraídas com promessas de rendimentos mensais de até 10%. A advogada Raquel Chaves, que atende um grupo com mais de 100 pessoas lesadas no golpe, afirma que os investidores eram captados pela empresa por indicação de parentes e amigos que já eram clientes.

Após receberem os "investimentos", os criminosos aplicavam os valores em uma empresa de investimentos em criptomoedas e mercado Forex. "Os investigados articularam uma complexa estrutura empresarial para captar investidores e, em seguida, se apropriar dos recursos aplicados e remetê-los para o exterior sem o conhecimento das vítimas. Os valores foram enviados ao exterior por meio de exchanges (corretoras de criptomoedas)", disse ela, à PF.

Clientes perceberam golpe em 2022. Segundo a advogada, o esquema começou a ruir quando a captação de novos clientes ficou mais difícil.

"Não devolve o dinheiro investido"

Um dos clientes diz que o Rodrigo é "especializado em enganar". No último ano, as reclamações são relacionadas a falta de acesso aos investimentos: "Faz mais de 1 ano que essa empresa não paga os rendimentos, e nem devolve o dinheiro investido", diz uma das publicações.

Outro cliente diz que há quatro anos não recebe pagamentos. Na reclamação, a pessoa diz que "conhecia uma das cobras que trabalhavam nesse lugar" e pensava que receberia um "cuidado especial". "Claro que não foi assim. O mesmo segue viajando, seguindo a vida perfeita usando dinheiro de outras vítimas e não só o meu. (...) Mas uma coisa é certa, todos envolvidos nessa pirâmide deveriam pagar por tudo que fizeram. São 4 anos de espera", escreveu.

Foi a partir de reclamações como estas Raquel que a PF iniciou as investigações contra a quadrilha. Em março de 2022, a primeira vítima sinalizou que deixou de receber os rendimentos prometidos. Três meses depois, a advogada conta que teve o maior número de clientes a procurando contra a empresa. Ela reuniu depoimentos e documentos, e os levou à polícia.

Além disso, a RR Investimentos recebeu centenas de reclamações online. Na plataforma Reclame Aqui, foram feitas 285 publicações desde novembro de 2021 com diferentes queixas a respeito do serviço prestado.

'Momentos de baixa vêm e vão'

Em suas redes sociais, Rodrigo costumava falar sobre o mercado financeiro e de como deveria, enquanto empresário, se preparar para a volatilidade do mercado.

Tudo parecia real, com vídeos de gráficos de supostos rendimentos sendo recebidos diariamente. Mas, segundo a PF, os criminosos não tinham autorização da autoridade competente para operar uma instituição financeira, nem mesmo autoridade para a negociação de títulos ou valores mobiliários sem registro prévio - que configuram crimes.

Além disso, Rodrigo e mais 10 pessoas que supostamente integram o grupo criminoso estão sendo investigadas por diversos outros delitos contra o Sistema Financeiro Nacional, incluindo evasão de divisas, organização criminosa transnacional e lavagem de dinheiro por meio de ativo virtual.

Até o momento, o UOL tenta localizar a defesa do empresário. O espaço segue aberto para manifestações.

Notícias